São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Setor de autopeças propõe estabilidade

SÉRGIO LÍRIO

SÉRGIO LÍRIO; FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sindipeças sugere manutenção do nível de emprego em vez de reajuste; sindicatos marcam greve para dia 6

Os fabricantes de autopeças querem inverter a pauta de negociações com os metalúrgicos, que estão em campanha salarial.
No lugar de reajuste salarial, o Sindipeças (que representa o setor) pretende negociar um período de estabilidade no emprego. O setor emprega cerca de 210 mil pessoas.
A idéia das empresas é estabelecer com os trabalhadores uma cláusula que garanta o emprego. O tempo de validade da cláusula também seria negociado.
Os metalúrgicos, no entanto, não aceitam avançar as discussões sem uma proposta de reajuste.
Eles querem reposição de 13,5%, aumento real e redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
Ontem, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ligado à Força Sindical) aprovou indicativo de greve para o dia 6 de novembro. Os sindicatos ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) já haviam deliberado pela mesma data.
Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a greve é inevitável.
Na Ford de São Bernardo, por exemplo, os trabalhadores já aprovaram a paralisação em assembléia realizada ontem. Hoje haverá assembléia na Mercedes-Benz e amanhã na Volkswagen.
A proposta dos fabricantes de autopeças segue a mesma linha das de outros setores que negociam com os metalúrgicos: evitar qualquer discussão sobre reajustes.
As montadoras, por exemplo, não propuseram até agora nenhum aumento. Mas querem alterar cerca de 70 cláusulas da convenção coletiva de trabalho.
Entre as mudanças sugeridas estão o fim do piso salarial e a redução do valor das horas extras.
Segundo o coordenador de negociação da Sinfavea (sindicato das montadoras), Antônio Cursino Alcântara, as empresas querem apenas adequar a convenção coletiva à realidade do setor.
Mas para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, os empresários estão provocando a categoria. "Não vamos permitir humilhação".

Colaborou Fábio Zanini, da Agência Folha no ABCD

LEIA MAIS sobre autopeças na pág. 2-8.

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