São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996 |
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WHITE PJ HARVEY
SYLVIA COLOMBO
PJ HARVEY A esquisita voltou. Com sua originalidade já no rol dos lugares-comuns e a interpretação mais madura, PJ Harvey chega ao quarto álbum como a promessa mais duradoura entre as roqueiras dos anos 90. "Dance Hall at Louse Point", composto e tocado a quatro mãos com o velho parceiro John Parish (ela faz as letras e ele, as músicas), é um disco de rock quase tradicional. Guitarra, baixo e bateria marcam presença de forma enérgica e básica. Mas, ainda assim, é tudo muito esquisito. Melodias perdem-se em teclados evasivos. A percussão se desencontra de padrões harmônicos, e a linearidade é conceito que morre à míngua na segunda faixa. A razão? Simples. Nada disso é essencial. O significativo em "Dance Hall at Louse Point" são as lacunas melódicas, que só existem para justificar a performance de PJ -que, pela primeira vez, assina Polly Jean num disco. Com previsão de lançamento no Brasil para os próximos dias, o quarto álbum de PJ traz 12 faixas de baladas rudes. Por vezes seguem a linha obscura de uma toada gótica. Noutras, despencam para um rock de batida inspirada. Mas o fantasma do pop ronda esse universo sonoro. Alguns refrões fáceis, alguns gritinhos esganiçados diluem as sutilezas de sua música. Apontam para a vulgaridade. Entre as "angry white women" dos 90 (Courtney Love, Alanis Morissette, Juliana Hatfield, Bjõrk e tantas outras), PJ é a única que soa perene. Como um bom médio-volante do futebol moderno, joga em várias posições estratégicas: canta, atua, toca piano, teclado e guitarra. Mas sua versatilidade esbarra em meia dúzia de pequenas obsessões. A principal é a temática neo-hippie. Destila seu furor feminista contra a vaidade, elogiando o visual desleixado, e contra os preconceitos do mais ralo machismo. A maternidade a incomoda. O tema, de que já tratara em "To Bring You My Love", aparece aqui novamente. A preocupação essencial é a deformação do corpo. A outra obsessão é a criação do ambiente. Cenário, notas e voz são pensados para criar uma sensação climática fria, soturna. É o melhor trabalho da cantora. Calcado em experimentalismo, não quer divertir, nem transmitir mensagens de cunho social. É, simplesmente, muito esquisito... Disco: Dance Hall at Louse Point Artista: John Parish & PJ Harvey Lançamento: PolyGram (importado) Preço: R$ 21 Onde encontrar: London Calling (tel. 011/223-5300) Texto Anterior: SUZANNE VEGA Próximo Texto: BANDAS PELO MUNDO Índice |
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