São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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ACM quer o governo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está decidido a disputar o governo da Bahia em 98. Cansou-se do Senado, a Casa do Congresso que pretende presidir a partir de fevereiro do ano que vem.
A disputa pela presidência do Senado servirá principalmente para ACM saciar mais uma de suas veleidades pessoais.
O senador baiano, desprezado por muitos e temido por outros tantos, tem revelado a amigos que a vida no Senado não lhe agrada muito. E que seu negócio mesmo é governar. Ter mais poder direto. Influir sobre contratações. Isso só é possível em cargos executivos. E na Bahia ele é rei.
Por conta dessa sua decisão, ACM teve também de pensar em outro futuro para seu filho deputado federal, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que hoje preside a Câmara.
ACM imaginava que Luís Eduardo concorreria ao governo da Bahia em 98. Agora, como sonha para si o cargo de governador, o senador acha que daqui a dois anos o filho poderá pleitear a vaga de candidato a vice-presidente da República junto com FHC.
Aí é que entra a utilidade da presidência do Senado. Ao presidir a Casa, ACM vai comandar a votação da emenda da reeleição. E vai defender que seja mantida a obrigatoriedade de o governante se desincompatibilizar para disputar alguma eleição.
Além disso, o senador vai forçar dentro de seu partido, o PFL, para que o atual vice-presidente, Marco Maciel, assuma o posto quando FHC sair para disputar a reeleição.
Essa opção preferencial de ACM está longe de ser unanimidade entre os pefelistas. O PFL é atualmente comandado por baianos, pernambucanos e um catarinense.
Pernambucanos e o catarinense (o atual embaixador do Brasil em Lisboa, Jorge Bornhausen) querem repetir a chapa FHC-Maciel em 98. São, portanto, a favor do fim do período de desincompatibilização.
Os baianos, é claro, fecham todos com ACM. Ainda é cedo para dizer de qual lado vai estourar a corda.

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