São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 1996 |
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Cade vai investigar indústrias de suco
ALEX RIBEIRO
A Montecitros também vai sofrer investigação por ter prestado ao Cade declarações supostamente inverídicas, segundo despacho do conselheiro Renault de Castro, que deve sair hoje no "Diário Oficial da União". A Montecitrus e a Cargill teriam negado ao conselho a existência de contrato escrito para a prestação de serviços de processamento de suco de laranja. Em seu despacho, Castro afirma que localizou correspondências entre a Cargill e a Montecitrus que, na prática, funcionavam como contratos. Essas correspondências também conteriam indícios de que as indústrias atuavam em cartel. Teriam sido marcadas reuniões entre as empresas e firmados compromissos de atuação no mercado. As cartas também fariam referência a duas outras concorrentes: a CTM e a Cambuhy. "As correspondências entre as empresas contêm fortes indícios que julgo merecedores de rigorosa e urgente apuração por esse conselho", afirma o despacho. O Cade vai intimar ainda outras nove empresas do setor para que apresentem ao conselho todos os contratos firmados entre elas. Com esse despacho, o Cade retoma investigações contra as empresas processadoras de suco. Acusação antiga Em 1994, os produtores de laranja acusaram 12 indústrias de formarem suposto cartel para reduzir o preço da fruta. As investigações foram suspensas em outubro de 1995, quando as empresas assinaram documento se comprometendo a não atuar de forma combinada. Em julho, os produtores de laranja protestaram em Brasília, afirmando que, apesar da assinatura do documento, o suposto cartel continuava em operação. O Cade, entretanto, não reabriu investigações contra as indústrias. Para o conselho, os indícios apresentados pelos produtores eram muito frágeis. A Folha não conseguiu localizar ontem dirigentes das empresas citadas no despacho do conselheiro Renault de Castro. A disputa entre produtores de laranja e indústrias de suco é antiga. Ficou mais acirrada nos últimos anos, tendo principalmente como foco da discórdia os preços pagos pela caixa da fruta. Ainda neste ano, produtores fizeram manifestações contra as indústrias no interior de São Paulo. Texto Anterior: Ancor critica análise feita pelo Ibmec Próximo Texto: Mercedes-Benz adere à greve geral dos metalúrgicos no dia 6 Índice |
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