São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'O Matador' se torna cidadão do mundo

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um negócio literário deve ser concluído hoje na Espanha, marcando mais um grande passo na carreira internacional do romance "O Matador", escrito pela brasileira Patrícia Melo, 33.
Sucesso no Brasil (editado pela Cia. das Letras), o livro já foi lançado na França e na Itália. Sai em março na Inglaterra, acabou de ser vendido para a Alemanha e agora é disputado na Espanha. Hoje será anunciado o nome da editora que vai publicar o livro no país.
"Os valores dos contratos que estamos negociando agora são superiores às cifras dos contratos com a França e a Itália, por causa do sucesso do livro nesses países, principalmente na França", explica Luiz Schwarcz, editor da Cia. das Letras.
Schwarcz explica que ele e Patrícia estão mais preocupados com as condições de lançamento que as editoras oferecem do que com os valores pagos.
"Na Alemanha, por exemplo, não fechamos contrato com a editora que tinha a proposta mais alta, mas sim com a Klett, que está disposta a lançar o livro primeiro em edição de capa dura, como achamos que deve ser feito", diz.
O romance de Patrícia conta a história de um homem da periferia de São Paulo que se torna um matador, um justiceiro que elimina bandidos pé-de-chinelo.
A autora imprime um ritmo vertiginoso à narrativa, envolvendo o leitor na indiferença do personagem central diante de seus crimes.
A carreira internacional de "O Matador" começou no ano passado, quando os direitos de publicação do livro foram vendidos a editoras de três países durante a Feira de Frankfurt.
As editoras Albin Michel (França), Feltrinelli (Itália) e Bloomsbury (Inglaterra) foram as primeiras casas européias que apostaram no livro de Patrícia.
Com a conclusão da tradução para o inglês, "O Matador" ganha muito mais fôlego para atrair editores de outros países.
Pelo menos quatro editoras dos EUA estão lendo o livro. Há interesse também de casas na Dinamarca, Holanda e Noruega.
É muito difícil encontrar editores europeus ou norte-americanos que leiam em português. Por isso, na maioria das vezes um livro brasileiro é comprado por uma editora baseado apenas no parecer de uma pessoa contratada para isso.
Só depois de a tradução ficar pronta é que o editor vai saber com certeza o que ele tem nas mãos. É sempre uma surpresa, às vezes boa, às vezes não. No caso de "O Matador", a reação é sempre a melhor possível.
Na França, o "Le Figaro" destacou a obra numa resenha de meia página, sob o título "Samba sórdido". "Le Nouvel Observateur" também deu resenha elogiosa para o livro, enquanto a revista "Telerama" destacou "O Matador" numa página inteira, com o título "Trópicos sinistros".
E os elogios não param. A crítica que prepara a resenha para o "Le Monde" entrou em contato com a escritora brasileira para dizer que adorou o romance.
A editora Albin Michel apostou forte no livro. Há pôsteres da autora nas livrarias de Paris, muitas delas com o livro na vitrine.
Numa reunião com os editores do livro na França, em setembro, Schwarcz e Patrícia ouviram dos franceses a intenção de publicar todos os livros da autora, "próximos e passados".
Isso indica que "Acqua Toffana", primeiro romance lançado por Patrícia, em 1984, deve seguir a mesma trilha de "O Matador".

Texto Anterior: Balthus ganha exposição na Itália
Próximo Texto: Autora elogia cuidados com a tradução
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.