São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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Exame identifica bactéria em bebê

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A causa da morte de 32 bebês em 20 dias no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista (RR), pode ser a bactéria Acinetobacter calcoaceticus.
A recém-nascida Lílian, única sobrevivente das trigêmeas nascidas na maternidade de Boa Vista, foi levada para Brasília na segunda-feira pelo pai, Gladstone Leitão e Silva. Ela estava com septicemia (infecção generalizada) causada por Acinetobacter calcoaceticus.
As outras duas irmãs, Letícia e Lorena, morreram no domingo. Lílian está clinicamente estável, embora ainda corra risco de vida.
A Acinetobacter calcoaceticus é uma bactéria classificada como gran-negativa, típica de ambiente hospitalar, não encontrada em comunidade. Caso se confirme que as mortes foram causadas pela bactéria, estará eliminada a hipótese de uma mãe ou bebê terem levado a doença para o hospital.
Normalmente, essa bactéria é altamente resistente a antibióticos, o que ajuda a explicar o alto índice de mortes entre os bebês.
As equipes da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e do Ministério da Saúde que estão em Roraima foram informadas da descoberta da bactéria ontem à tarde. Elas farão testes para confirmar se foi ela a causadora da infecção.
Os resultados dos exames devem ficar prontos em 48 horas. Há dois dias não ocorrem mortes entre os bebês que estavam no berçário. Um deles deverá ter alta amanhã.
Verbas do SUS
A Secretaria da Saúde de Roraima gastou até agora R$ 4,93 milhões dos R$ 5,5 milhões que o ministério repassou ao Estado nos nove primeiros meses de 96.
"Como querem mais dinheiro se não estão usando toda a verba que chega?", disse João Gabbardo dos Reis, diretor de controle e avaliação do ministério.
Segundo Gabbardo, a Secretaria da Saúde de Roraima não está encaminhando as AIHs (Autorização de Internação Hospitalar) para a cobrança. Ou seja, eles fazem os partos, mas não cobram do SUS (Sistema Único de Saúde).
Em setembro, a maternidade realizou 587 partos, mas só cobrou 184 AIHs do SUS. "Não sei por que está acontecendo isso, mas eles não podem culpar o governo federal pelas péssimas condições da maternidade", afirmou.
Anteontem, o secretário da Saúde, Sérgio Pillon Guerra, havia afirmado que o Estado recebia verbas insuficientes. Segundo ele, só o gasto mensal com salários de médicos e enfermeiros é R$ 2 milhões.

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