São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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Governo revê meta de crescimento em 1997

GUSTAVO PATÚ; DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Déficits na balança comercial fazem previsão de 5% cair para 3,9%, taxa incluída no Orçamento do próximo ano e defendida pelo BC

Os recentes resultados da balança comercial e o temor de números ainda piores estão fazendo com que o governo refaça para baixo as estimativas de crescimento em 97.
É que o Plano Real tornou o comércio exterior vulnerável ao crescimento econômico. Quando aumentam a produção e o consumo, as importações se elevam de imediato, devido à sobrevalorização do real em relação ao dólar e à abertura da economia.
Até o mês passado, havia na equipe econômica a expectativa de que o país pudesse crescer na casa de 5% em 97, sem resultados desastrosos na balança comercial.
Conforme a Folha noticiou em setembro, previa-se que as importações superassem as exportações em US$ 5 bilhões no ano que vem, acompanhando aquele ritmo de crescimento.
Na equipe econômica, a diretoria do Banco Central sempre teve posição mais conservadora quanto às possibilidades de crescimento. Foi essa posição que gerou a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza nacional) de 3,9% incluída no Orçamento de 97.
É essa taxa mais conservadora que predomina agora nas avaliações internas da equipe.
Medidas insuficientes
Os técnicos da Fazenda acreditam no aumento das exportações no próximo ano, em relação a 96.
Isso decorreria da isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para produtos embarcados e do resultado melhor da safra agrícola.
Em menor proporção, também teria influência o financiamento para exportadores. Mas ele já foi adotado, não deu certo e agora está sendo revisto.
Mas cálculos mostram que apenas essas medidas não serão suficientes para um resultado positivo nas contas externas de 97.
No setor privado, a previsão de crescimento menor da economia para segurar as importações não causa estranheza.
"Acredito que há vontade de crescimento econômico, mas as condições mostram que é difícil levar isso adiante", segundo Carlo Barbieri, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Trading.
Para ele, a isenção de ICMS para a exportação provocará redução de 6% nos custos dos produtos.
"Para assegurar preços competitivos no mercado internacional, nossos produtos devem ter redução de custos da ordem de 18% a 20%", afirmou Barbieri.
Redução dessa ordem, completa, depende da diminuição dos custos com portos, estradas, telecomunicações, juros, e da isenção do PIS e da Cofins.

LEIA MAIS sobre crescimento econômico na pág. 2-5

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