São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Estética da magreza leva mulher ao hospital

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A pressão da indústria da moda, que elegeu a mulher magra como ideal de beleza, é um fator que leva cada vez mais mulheres a desenvolver doenças classificadas pelos psiquiatras como transtornos alimentares: bulimia e anorexia.
A discussão em torno da pressão pela magreza veio à tona recentemente com o caso da modelo e atriz Cláudia Liz, que pretendia se submeter a uma lipoaspiração para perder dois quilos e se adequar aos padrões exigidos das modelos.
A pressão da moda faz com que essas doenças comecem com uma dieta. Na busca obsessiva pela magreza, as pessoas passam a fazer regimes cada vez mais rigorosos.
"Do total das pacientes atendidas pelo Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares), no Hospital das Clínicas, 14,9% trabalham em profissões relacionadas à manutenção de peso, como modelos, bailarinas, atletas e professoras de educação física."
A afirmação é da nutricionista Marle Alvarenga, que faz parte da equipe do Ambulim.
"Em 92 e 93, atendíamos um caso novo a cada 15 dias. Hoje atendemos dois casos novos por semana", afirma o psiquiatra Táki Cordás, coordenador do ambulatório.
O crescimento dos transtornos alimentares fez com que o Instituto de Psiquiatria do HC destinasse uma unidade exclusiva para esses pacientes, há cerca de um mês.
Segundo Cordás, pode-se dizer com segurança que o crescimento do número de casos está relacionado à influência de fatores culturais.
"Hoje vivemos na cultura do aparente, do belo, da imagem. Há uma supervalorização do corpo em relação a aspectos emocionais, intelectuais e afetivos", explica.
Quando os fatores culturais se somam à predisposição orgânica e a um perfil psicológico particular, o resultado pode ser a anorexia ou a bulimia (veja quadro).
Na anorexia, a pessoa passa a comer cada vez menos e continua se achando gorda. Na bulimia, a paciente come compulsivamente e depois compensa vomitando ou tomando laxantes e diuréticos.

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