São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Veteranos de guerra lutam por memória

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais de meio século depois que lutaram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, os veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira) estão lutando uma nova batalha: como preservar a memória desse evento único na história brasileira deste século.
A participação brasileira representou a primeira e única vez que uma força sul-americana lutou na Europa. E foi a última guerra externa da qual participaram forças brasileiras.
Os veteranos estão hoje todos com mais de 70 anos de idade. Isso significa que em poucos anos seu número será muito reduzido. Nem todos verão o século 21.
Acervo
O que vai acontecer com a memória da FEB, com seu acervo de documentos, fotografias e peças de museu, com uniformes e armamento, espalhadas por pequenos museus de associações por todo o Brasil, depois que não sobrar mais nenhum veterano vivo?
"Tenho discutido muito isso, mas há uma reação muito grande do pessoal, em parte por ignorância. Estou empenhado em filiar nosso museu a uma fundação, a uma entidade permanente", afirma o paulista Jairo Junqueira da Silva, que combateu no 11º Regimento de Infantaria e hoje está na sua segunda gestão como presidente da Seção São Paulo da Associação dos Ex-combatentes do Brasil.
"Depois que nós morrermos, o importante, o que vai ficar, é a história, um museu que vai representar a FEB."
Desfile
Um bom exemplo do problema pôde ser visto em São Paulo durante o último desfile de 7 de setembro. Pela primeira vez, os veteranos foram transportados em caminhão, em vez de marcharem como sempre fizeram -o que deixou muitos indignados.
O Exército achou melhor não expor os septuagenários veteranos a uma marcha desgastante.
Números
A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária da FEB tinha oficialmente 14.254 homens (734 oficiais e 13.520 praças).
O total de homens enviados à Itália foi de 25.334 (a 1ª DIE, mais o "depósito de pessoal", uma reserva de soldados, e órgãos não-divisionários). Também foram enviadas 67 enfermeiras.
Não há dados precisos sobre quantos ainda estão vivos. Acredita-se que menos da metade.

Texto Anterior: África tem epidemia causada por Ébola; Vacina dá proteção contra febre; PIS pode ser sacado para tratar tumor; Instituto lança CD-ROM sobre serpentes; Hospital faz curso de urgências ortopédicas; Pesquisa sobre HIV no Brasil dará prêmio; Doenças da retina têm jornada de atualização
Próximo Texto: SP tenta fazer monumento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.