São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Corinthians pega um Santos desesperançado

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Eis a grande chance de o Corinthians embalar na direção da classificação, posto que o Santos surge hoje à sua frente já desesperançado do Brasileirão e um tanto envergonhado pela maneira como permaneceu na Supercopa -levou um sufoco do Nacional, em Medellín, perdeu de 3 a 1 e sobreviveu graças a um erro do juiz na decisão por pênaltis.
Tudo isso porque o técnico Teixeira resolveu adotar vexaminosa retranca. Mais que vexaminosa: ineficiente, como quase toda retranca.
Ah, sim, pode-se dizer que o Corinthians de Nelsinho também escapou de uma derrota diante do Palmeiras protegido por feroz ferrolho e com a ajuda do juiz, que anulou gol legítimo de Cléber. A diferença é que o Corinthians, todos sabem, tecnicamente, é muito inferior ao Palmeiras. Além do mais, teve um jogador expulso, e não lhe restou, assim, outra alternativa. Até então, tinha um plano de jogo -mesmo defensivo- que lhe permitia estabelecer um certo equilíbrio.
O fato é que tanto Corinthians quanto Santos, ao longo desta temporada, vinham sofrendo da carência agressiva de um centroavante. Mirandinha já conferiu um mínimo de contundência ao ataque mosqueteiro. Espera-se que o mesmo aconteça com o Santos na estréia do paraguaio Baez.
Assim, apague-se o que aconteceu durante a semana.
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Inoportuna e desproporcional foi a reação do técnico Luxemburgo às lamúrias do centroavante Luizão, injustificavelmente substituído no intervalo do clássico contra o Corinthians. Sim, porque confesso que não captei nenhum sinal de excesso de individualismo de Luizão naquele jogo. Vou além: pelas circunstâncias da partida, empatada em 2 a 2, a presença de Luizão ao lado de Viola, no segundo tempo, era imperiosa.
Pelo cheiro, tem algo embaixo desse angu.
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E Romário acabou ficando mesmo. Bom para o Flamengo, que agora só precisa de dois laterais e três craques de meio-campo. Só.
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Zagallo voltou decepcionado com o esquema de jogo do Barcelona que ele viu pessoalmente meter 8 a 0 no Logroñes. Segundo ele, trata-se de um superado e anacrônico 4-2-4, que ele mesmo ajudou a sepultar, como jogador, em 58, nos campos da Suécia.
Zagallo sonha, como Parreira, com o 4-6-0 -ou seja, quatro zagueiros, seis meio-campistas e nenhum avante. Só não percebeu que, naquele jogo do Nou Camp, o Barça usou esses mesmos números, em sequência invertida: 0-4-6. Isso é mais do que um anacronismo. É uma loucura! Pois é. Doce loucura.
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Acabo de receber, e apresso-me em agradecer, um livrinho, quase uma revista, chamado "A Breve História do Futebol Brasileiro", de autoria do historiador e tricolor fanático, diretor do Museu do Ipiranga, José Sebastião Witter.
Chamo de livrinho por causa de seu tamanho: não mais que 54 páginas. Mas aí reside seu maior mérito, pois Witter conseguiu resumir ali, de forma didática e simples, toda a história de nosso glorioso futebol. Uma preciosidade.

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