São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 1996
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Saúde não aponta responsável por mortes

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA (RR)

Os técnicos do Ministério da Saúde que fizeram até anteontem uma vistoria no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista (RR), não vão apontar os responsáveis pela morte neste mês de 33 crianças no berçário da maternidade.
"Nós não viemos aqui fazer uma auditoria. Viemos para apontar o que está errado para que a situação melhore", afirmou o infectologista Mário Flores, do ministério.
O número de 33 crianças foi divulgado pelo infectologista e diverge do número de 34 crianças mortas, divulgado até anteontem pela Secretaria Estadual de Saúde. Ontem, a secretaria admitiu o erro e passou a considerar 33 mortes.
Segundo Flores, o objetivo da equipe é descobrir as causas da infecção hospitalar que matava as crianças, para evitar novos casos.
O levantamento feito pelo ministério apontou que 33 crianças morreram na maternidade entre o início deste mês e anteontem. Destas, segundo Flores, 20 morreram devido a doenças infecciosas.
"A maneira como ocorreram as mortes permite dizer que entre 11 e 15 crianças foram vítimas de infecção", disse o infectologista.
Segundo ele, anteontem ainda havia 17 crianças no berçário. Três apresentavam doença infecciosa.
Lavar as mãos
Para Flores, entre os principais problemas, estão a falta de recursos humanos e de materiais.
Segundo ele, a precariedade na limpeza também pode causar infecção. Trabalham no hospital 628 funcionários, sendo 46 médicos.
Segundo Flores, a redução no número de médicos e enfermeiras, além do aumento do movimento no hospital, fez com que alguns procedimentos básicos de higiene deixassem de ser seguidos.
"O simples fato de lavar as mãos antes de ir ao berçário, o que não era feito sistematicamente, ajuda a evitar infecções desse tipo."
Flores disse também que outras orientações feitas ao hospital deverão ser tomadas "a médio prazo".
Entre elas estão o conserto do teto, dos esgotos e do incinerador da maternidade. Algumas dessas medidas já começaram a ser tomadas pela direção do hospital no último final de semana.
As fossas sanitárias da maternidade, que estavam entupidas, foram desobstruídas. O incinerador começou a ser consertado.
Equipes especialmente organizadas começaram a trabalhar na desinfecção de todos os blocos da maternidade.
O secretário da Saúde, Sérgio Pillon, disse que "todas as medidas para evitar novos casos de infecção hospitalar serão tomadas".

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