São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 1996
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Seis músicos questionam Max

Lobão - O fato de vocês não cantarem em português é uma opção mercadológica ou um problema com a sonoridade da língua?

Max - Optamos pelo inglês justamente porque queríamos soar como as bandas que curtíamos na época, Motorhead, Venom, Sex Pistols. Lógico que tem o lance de mercado, o disco vai ser vendido no mundo inteiro, não só no Brasil. Mas também tem o lance da mensagem, o moleque no subúrbio da Austrália ou da Indonésia pode entender e refletir sobre a letra. Uma das maiores influências que tenho em termos de letra vem do Bob Marley, que é um melhores letristas. Ele fez esse mesmo caminho, as letras dele são do mundo.

Lobão é compositor e cantor
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Marcelo Fromer - Como você consegue viver num país que não cultiva o futebol?
Max - É uma das coisas mais deprês de viver nos Estados Unidos. A banda inteira é fã de futebol, sempre quebramos pau com o Andreas, porque ele é são-paulino e nós, palmeirenses. O Paulo é atleticano, mas nem conta. Criamos um jeito de curtir. Recebemos fitas de jogos uma semana depois e assistimos como se fossem ao vivo.

Marcelo Fromer é guitarrista do Titãs
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Chico Science - O "Roots" se define como uma fase da percepção da universalidade musical, incluindo a música brasileira? Pretendem seguir essa idéia?
Max - Pretendemos, porque isso não nasceu com "Roots", mas com "Chaos AD", quando fizemos sem saber o que estávamos fazendo. E a idéia é continuar, não só com ritmos brasileiros, mas com ritmos mundiais. Fazer música cada vez mais diferente e inovadora, esse é o caminho.

Chico Science é vocalista do Chico Science & Nação Zumbi
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Rafael - Com o sucesso de "Roots" a mídia americana continua preconceituosa em relação ao Sepultura?
Max - Acho que está mudando. Os lançamentos de "Roots" e do Rage Against the Machine provocaram uma reação diferente. São discos totalmente fora do padrão do que está rolando. Estamos conseguindo superar o preconceito.

Rafael é vocalista e baterista do Baba Cósmica
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Paulo Miklos - Você me disse uma vez que queria fazer outro tipo de som, porque o heavy é muito rígido. Que outro som você queria fazer? Já tem algum projeto?
Max - O Nail Bomb foi um projeto paralelo que saiu da linha heavy, é mais industrial. Sempre estou a fim de trabalhar com gente diferente. Tem muita gente que, mesmo tendo um estilo musical diferente, está conectado com o que fazemos, falando a mesma linguagem. Tem um pessoal de rap aqui com quem eu gostaria de um dia poder fazer uma fusão.

Paulo Miklos é tecladista e vocalista do Titãs
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Rodolfo - Véio, onde você fez suas tatuagens? São as melhores que já vi. Quantas você tem? Onde e com quem fez?

Max - Orra, maior elogio. E eu achava que minhas tatuagens eram toscas... Tenho feito a maioria com o Paul Booth, de Nova York. Ele era fã do Sepultura e virou meu tatuador preferido e meu amigo. Ele fez uma no meu pescoço, que é tribal, uma no meu peito, fez os dois olhos que tenho no braço, que na minha opinião são as tatuagens que a molecada gosta mais. A mais forte é a que o Fred fez, em São Paulo, na época do Tattoo You. É uma tribal que tenho no braço direito. Uma das que tenho mais orgulho.

Rodolfo é vocalista do Raimundos

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