São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Salário na indústria sobe 9% acima da inflação

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os trabalhadores que conseguiram manter seu emprego na indústria estão ganhando mais, em termos reais, do que há um ano. A constatação é de pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O número de pessoas ocupadas na indústria paulista no mês passado, segundo levantamento da Fiesp, era 7,1% inferior ao de idêntico período de 95. Mas o salário real médio mostra aumento de 9,2% quando deflacionado pelo IPC da Fipe.
O salário nominal médio na indústria subiu 23,6% no intervalo de 12 meses, ou seja, bem acima da inflação registrada por todos os índices. Já o total de salários nominais cresceu apenas 14,8%, devido ao desemprego, o que explica a diferença dos dois percentuais.
Comparando-se o acumulado neste ano e em 12 meses sobre iguais períodos anteriores, o ganho real médio dos trabalhadores que escaparam da demissão fica em torno de 5%.
Julho de 96 contra julho de 95 mostrou aumento real de 6%, agosto contra agosto 5,4%, e setembro sobre igual mês do ano passado, os 9,2%.
Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, que ontem divulgou dados do INA (Indicador do Nível de Atividade) de setembro, com alta de 0,3% sobre agosto, afirmou que a margem de lucro na indústria vem registrando queda. Os custos, segundo ele, sobem mais que os preços.
Se os salários forem convertidos para dólar, parâmetro de receita importante para as empresas que exportam, o ganho real dos salários é ainda maior.
Mesmo nas empresas que só atuam no mercado interno, a margem de lucro acaba se estreitando porque há maior concorrência, inclusive com produtos importados, o que inibe tentativas de repasse da alta de custos para os preços.
Os salários reais na indústria, entretanto, tendem a se estabilizar, caso as empresas deixem de repor pelo menos a inflação (sobre os salários nominais) na data-base.
Nas negociações com os metalúrgicos paulistas com data-base em novembro, os empresários não ofereceram até agora qualquer índice de reajuste. Tanto assim que as centrais sindicais já articulam greve a partir de 6 de novembro.

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