São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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É proibido desanimar

LUÍS NASSIF

No processo de modernização do país, o comandante Rolim, da TAM, tornou-se personagem maior.
A coragem de ousar, os cuidados com o cliente, a eficiência na operação, a afetividade brasileira no atendimento, mudaram não só a aviação civil brasileira, com se constituíram em poderoso foco de irradiação da cultura da qualidade por todo o país.
A tragédia de ontem colhe a TAM no momento em que se preparava para o mais ousado de seus desafios: montar uma operação continental, acabando de vez com a cartelização que marcou historicamente a aviação brasileira.
Segundo o comandante Waltencir da Costa Barroso, da Aero Amazonas, o avião era novo, e a turbina, de alta qualidade. O comandante Moreno, que o pilotava, era experiente e, na decolagem, é escassa a possibilidade de erro humano -já que a operação é bastante simples.
Tudo indica que foi um acidente impossível de ser previsto. O próprio Barroso aventava a possibilidade de interferência de um celular na eletrônica de bordo, que acabou acionando o reverso -aquela peça que cobre a turbina, para frear o avião em terra.
O pior que poderia acontecer com a aviação brasileira seria a utilização do episódio para estigmatizar a TAM.
O comandante Rolim tem a responsabilidade -perante o país- de não esmorecer em sua batalha em favor de um Brasil moderno e de uma aviação competitiva.
Milagre mineiro
Em relação à coluna "Autopeças mineira", fabricantes paulistas alertam a coluna para alguns ângulos que passaram despercebidos.
Reconhecem o avanço de seus colegas mineiros, mas fazem algumas ressalvas que impedem a generalização do sucesso alcançado.
Há dois casos expressivos, de grupos enormes que surgiram da noite para o dia em Minas, a partir de empresas de pequeno porte, depois que a Fiat mudou sua política com os fornecedores.
Mas esses grupos cresceram e investiram porque tinham a garantia prévia dos contratos de fornecimento de peças. E essa garantia não se obtém por meio de negociações de mercado, nem são tão fáceis de serem obtidos, a ponto de se permitir apostas cegas.
Dependem de relações pessoais e de confiança -em geral, com membros da alta cúpula das montadoras, em seus países de origem.

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