São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Maluf gastou muito com carros; PT gastou mal com ônibus

DA REPORTAGEM LOCAL

As administrações de Paulo Maluf (PPB) e Luiza Erundina (PT) na área de transportes em São Paulo foram opostas. O prefeito priorizou os usuários de carros, e a petista gastou mais no subsídio à tarifa de ônibus.
Em comum, tiveram apenas a incapacidade de tirar do papel um projeto que aumentaria em 240 quilômetros os corredores exclusivos de ônibus na cidade -um plano iniciado há 20 anos e apontado como essencial pelos especialistas na área.
Maluf gastou cerca de R$ 3 bilhões em 15 grandes obras viárias, a maioria voltada para o transporte individual. É o caso do túnel sob o parque do Ibirapuera, cujo valor seria suficiente para bancar todo o investimento necessário nos corredores de ônibus.
Erundina gastou quase três vezes mais do que Maluf no sistema de ônibus. O objetivo político era claro: marcar uma gestão voltada para as classes populares.
A petista "patinou" por três anos: enfrentou denúncias de corrupção, seis greves de motoristas e obteve a pior avaliação feita por usuários da qualidade dos ônibus.
O atual prefeito privatizou a CMTC, diminuiu o número de funcionários do sistema, mas é o responsável pela mais alta tarifa da história de São Paulo (R$ 0,80).
Com Maluf, o sistema ganhou eficiência financeira, mas perdeu velocidade.
Os congestionamentos triplicaram e a velocidade média dos ônibus caiu para 15 km/hora, cerca de 25% menos que na gestão PT.
Questionado sobre o assunto, em março, Maluf disse: "Graças a Deus que tem engarrafamento. Engarrafamento é sinal de progresso".
Círculo
A tendência é de o trânsito piorar. Os moradores de São Paulo estão andando menos de ônibus e, graças à estabilidade econômica, comprando cada vez mais carros. A porcentagem da população que tem carro saltou de 35% para 47% em sete anos.
Esse aumento fez diminuir também o número de passageiros por metro quadrado nos ônibus. Eram 10 por m2, no governo Jânio Quadros, caiu para 7 m2 com Erundina e, hoje, atinge 6,5 passageiros por m2.
Estabeleceu-se assim um círculo vicioso: ônibus lentos estimulam os passageiros a irem para os carros, que congestionam cada vez mais o trânsito.
Esp. 8 a Esp. 10

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