São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Erundina gasta muito, 'derrapa' por 3 anos, mas ônibus acaba aprovado

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A prioridade ao ônibus na gestão da petista Luiza Erundina (89-93) custou caro aos cofres da prefeitura, demorou três anos para apresentar resultados, mas terminou aprovada pelos usuários.
Em 25 de janeiro de 1992, Erundina, que entrava no seu terceiro ano de mandato, colocou nas ruas uma fila de 1.000 ônibus novos.
O "factóide" tinha dois objetivos. O primeiro era tentar encobrir o caos dos dois primeiros anos de governo, marcados pela trocas de secretários, ineficiência administrativa e denúncias de corrupção na área de transporte.
O segundo objetivo era sinalizar que, apesar de ter paralisado as obras viárias deixadas por Jânio Quadros, Erundina estava incrementando o transporte público.
A partir de 91, a prefeitura e as empresas aumentaram a frota de ônibus da cidade: de 8.337, em 89, saltou para 10.918, em 92.
O aumento do número de veículos trouxe mais conforto ao passageiro. Até meados de 92, a média de ocupação dos ônibus era de 10 passageiros por m2. Passou para 6,7, que está abaixo da média recomendada internacionalmente, de 7 por m².
Erundina também conseguiu diminuir a idade média da frota. Em julho de 92, essa média caiu para 4 anos e 9 meses, contra 6 anos e 5 meses no governo Jânio.
Custo
As vantagens para o usuário do ônibus custaram U$ 822 milhões por ano no governo Erundina. Hoje, a prefeitura gasta U$ 280 milhões por ano.
A economia veio da privatização da CMTC (corte de US$ 362 milhões), da diminuição do subsídio (de U$ 360 milhões/ano para US$ 180 milhões/ano) e do aumento da tarifa, que nunca foi tão cara para a população (leia texto abaixo).
Na propaganda eleitoral para o segundo turno das eleições, Erundina está dizendo que a tarifa de R$ 0,80 é muito cara.
A petista defende aumento do subsídio porque "o transporte não pode ser objeto de lucro, como é hoje".
"Não é justo que o usuário pague sozinho o preço da passagem. Nós vamos voltar a subsidiar a tarifa. A prefeitura tem que garantir esse direito", disse Erundina na TV, sexta-feira à tarde.
O PT não pretende ressuscitar a CMTC, que agora se chama SPTrans. Com a privatização, foram demitidos 25 mil funcionários e a prefeitura deixou de operar linhas de ônibus. Agora, a SPTrans apenas gerencia o sistema.
Aprovação
O aumento de custo no governo do PT se refletiu na melhora substancial na avaliação dos usuários.
Na metade de 91, a CMTC foi avaliada por pesquisa da ANTP-Gallup (Associação Nacional de Transporte Público) com 40 pontos negativos, em uma escala de -100 a +100.
No final da gestão do PT, estava em +36. Desde que Maluf assumiu, a avaliação do sistema tem caído, mas mantém-se positiva. Hoje, é de +20 pontos.
Pela análise da ANTP-Gallup, a avaliação positiva pode ser traduzida como "bom" e "excelente" e as negativas, como "ruim" e "péssima". A pesquisa é feita semestralmente, em 38 municípios metropolitana de São Paulo.

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