São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Fase dos lucros ainda demora

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria das empresas de autogestão ainda enfrenta dificuldades financeiras e só espera lucros a médio prazo.
Os problemas iniciais, em virtude do passivo assumido e da necessidade de investir na produção e na mão-de-obra, fizeram com que muitas ainda estejam em processo de reestruturação. Mas já estão expandindo suas atividades.
A Hidrophoenix, fabricante de macacos hidráulicos, irá ampliar sua área industrial dos atuais 500 metros quadrados para 4.000 metros quadrados no próximo ano.
A empresa foi criada em 94 por 32 ex-funcionários da Domenico Bestetti, que fechou suas portas por motivo de falência.
Os funcionários conseguiram maquinário emprestado para iniciar suas atividades e trocaram 49% das dívidas trabalhistas da empresa por ferramentas. Em 95 a empresa obteve empréstimo de R$ 540 mil do BNDES.
Hoje a empresa tem 36 empregados-sócios e fatura R$ 120 mil por mês, diz José de Oliveira Martiniano, da Hidrophoenix. Para o próximo ano o número de funcionários deverá chegar a 120, diz.
Os novos contratados contribuirão com cota mensal do salário para investimento na empresa. Apesar de o faturamento estar estimado em R$ 280 mil mensais em 97, ela não prevê lucros a curto prazo.
10% do salário
A Sakai, fábrica de móveis sediada em Ferraz de Vasconcelos (40 km a leste de São Paulo), adota a autogestão desde fevereiro de 95, quando os antigos proprietários fecharam a empresa.
Os ativos e passivos da empresa foram repassados aos funcionários -cerca de cem, dos 400 que havia antes do fechamento.
"A empresa pertence aos funcionários, que pagam 10% do salário para comprar sua participação na cooperativa", diz Valdir de Paula Silveira, 32, presidente da cooperativa dos trabalhadores.
O maior obstáculo, conta Silveira, é a falta de capital de giro para a compra de matéria-prima.
A Facit, empresa de máquinas de escrever, autopeças e eletrônicos, adotou a autogestão em julho de 95. A Sharp, que controlava a empresa, decidiu deixá-la devido a uma reestruturação do grupo.
Alguns funcionários da Facit obtiveram empréstimo de US$ 5 milhões junto ao BNDES, e compraram 90% das ações da empresa.
"Estamos em dificuldades, mas nos reestruturando", disse Francisco Abrantes, 40, diretor financeiro do conselho administrativo.

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