São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

De la Hoya busca mais 4 títulos antes de parar

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

O boxeador norte-americano Oscar De La Hoya, 23, afirma que encerrará a sua carreira no ano 2000.
Antes, porém, quer colocar seu nome entre os maiores da história do boxe ao conquistar oito títulos mundiais em seis categorias diferentes.
La Hoya pretende subir de categoria até alcançar os pesos-médios. "Minha última luta, após dar uma revanche a Julio César Chávez, será contra Roy Jones Jr.", disse, referindo-se ao atual campeão dos supermédios.
Em entrevista à Folha, em Buenos Aires, Argentina, La Hoya falou também do desejo de casar e estudar arquitetura.
*
Folha - O que falta na vida de um campeão mundial de boxe?
Oscar De La Hoya - No meu caso, um pouco mais de privacidade e uma noiva. O boxe é um esporte individual e me sinto solitário. Seria bom ter alguém, mas ainda não encontrei a pessoa certa.
Folha - Você foi o único campeão olímpico norte-americano em Barcelona-92. Em Atlanta-96, novamente os EUA só conseguiram uma medalha de ouro, com David Reid. O que você acha?
Hoya - Na atualidade, Cuba é invencível no boxe amador. Possui nomes, como o peso-pesado Felix Savón, que não têm adversários à altura. Outros países, como Rússia ou Alemanha, também são muito fortes e ganham algumas medalhas. Está cada vez mais difícil para nós, norte-americanos. É preciso fazer um melhor planejamento, pois muitos de nossos jovens estão preferindo entrar direto para o profissionalismo.
Folha - Reid terá tanto sucesso no profissionalismo quanto você?
Hoya - Com certeza. Reid será campeão mundial. É forte, jovem e seu estilo agressivo se encaixa no profissionalismo, mas dependerá de um bom empresário.
Folha - Você já ganhou quatro títulos mundiais em quatro anos como profissional. Qual seu futuro?
Hoya - Penso em parar com o boxe dentro de quatro anos, no ano 2000. Mas, até lá, tenho programado ganhar mais quatro cinturões mundiais em três categorias. Serei campeão até a categoria dos médios.
Folha - Por que encerrar a carreira tão cedo?
Hoya - Quero ficar mais com minha família, casar, ter filhos, estudar e exercer a arquitetura.
Folha - Quais são seus próximos adversários?
Hoya - Só irei fazer grandes combates. Pernell Whitaker, Ike Quartey, Kospya Tszyu, a revanche com Chávez, a luta contra Miguel Angel González, Félix Trinidad e, por último, Roy Jones Jr. Todos estes estão em minha mira.
Folha - Como será a luta contra Miguel Angel González?
Hoya - Considero González um amigo. Estamos aqui em Buenos Aires juntos, e sei que nossas personalidades são muito parecidas. Mas, dentro do ringue, somos diferentes. Gosto do ataque, ele do contra-ataque. Acho que será uma luta sensacional, mas dentro do ringue não há amizade.
Folha - Você é um dos poucos lutadores que faz contratos de publicidade. Por quê?
Hoya - O boxe é um esporte muito violento, e algumas grandes empresas não gostam de ligar seu produto a ele, porque acham que passa uma imagem ruim.
Consegui algum espaço para produtos de beleza e marcas de cerveja. Assim, quero abrir as portas para outros boxeadores nesta área inexplorada pela mídia.
Folha - O que você conhece do Brasil?
Hoya - Muito pouco. Na verdade, somente Pelé e futebol. Ah, sim! Em 92, na Olimpíada, lutei com um brasileiro... Qual o nome?
Folha - Adílson Rosa.
Hoya - Ele era muito bom, colocou bons golpes em mim. No final, foi a nocaute. Pena um país tão grande não ter grandes lutadores.
Folha - Você lutaria contra um lutador com o vírus da Aids?
Hoya - Ainda não pensei nisso. Não tenho uma posição formada.

Texto Anterior: Mundial da Espanha aposta no equilíbrio
Próximo Texto: Atleta fatura como amador
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.