São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Califórnia vota liberação da maconha

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Na Califórnia, a eleição presidencial do dia 5 de novembro irá além da escolha de um presidente democrata ou republicano. Os moradores do Estado mais populoso dos EUA vão decidir se legalizam o uso da maconha para fins médicos, uma das propostas mais polêmicas em discussão no país.
A proposta de mudança da legislação do Estado foi apresentada com apoio de 750 mil eleitores. A última pesquisa do jornal "Los Angeles Times", divulgada dia 25, mostra que 58% de 1.038 entrevistados pretendem votar a favor do uso médico da maconha.
A proposta tem oposição de 32% dos eleitores. Outros 10% estão indecisos. A pesquisa mostra que a medida tem apoio considerável inclusive entre republicanos e eleitores com 65 anos ou mais.
Uma das maiores defensoras da mudança é a enfermeira Anna Boyce, 67, cujo marido, John Joseph, morreu no ano passado, vítima de câncer no pulmão.
Boyce é a autora da proposta, a Proposição 215, e é a estrela de um dos comerciais de TV que defendem o voto "sim".
Em suas manifestações favoráveis à medida, ela diz que teve de desrespeitar a lei para conseguir maconha para seu marido, correndo o risco de ser processada.
Segundo ela, a droga reduziu a náusea e a dor provocadas pelo câncer e a quimioterapia, aumentando a qualidade e a expectativa de vida de seu marido.
Clinton é contra Os efeitos da Proposição 215 se restringem à Califórnia. Teoricamente, a medida permitirá que doentes que consumam maconha sob orientação médica não sejam processados criminalmente. Outro objetivo é proteger os médicos que prescrevam o uso da droga.
Os críticos da medida afirmam que há risco de aumento da criminalidade. O mais eminente opositor é o presidente Bill Clinton. O diretor do departamento responsável pela política de drogas dos EUA, general Berry McCaffrey, pretende estar no Estado antes da eleição para combater a proposta.
Outro crítico da proposta é Joseph Califano Jr., diretor do Centro Nacional de Dependência e Abuso de Drogas da Universidade Columbia (Nova York).
Na opinião de Califano, trata-se do mais importante tema em discussão nas eleições de 1996, especialmente pela influência que a Califórnia tem sobre o resto do país.
Em um documento crítico à proposta, Califano, que foi ministro da Saúde de Jimmy Carter, afirma que a medida não faz restrições à idade dos usuários nem exige recomendação escrita dos médicos.
Os opositores afirmam que a aprovação da Proposição 215 abre uma brecha para proteção de traficantes de drogas e facilita o acesso à maconha para todas as pessoas -doentes ou não.
Os ataques se dirigem principalmente à generalidade da proposta, que fala em doenças graves ou qualquer outra para a qual a maconha seja um alívio.

LEIA MAIS Sobre a eleição nos EUA na pág. 17

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