São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Jatene pede demissão, FHC aceita e procura substituto

FERNANDO RODRIGUES
SÔNIA MOSSRI

FERNANDO RODRIGUES; SÔNIA MOSSRI; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente chama ministro para reunião em Brasília; saída é iminente

O ministro da Saúde, Adib Jatene, pediu demissão do cargo na semana passada, e o presidente Fernando Henrique Cardoso aceitou.
FHC já está procurando um substituto. A saída é iminente.
O anúncio da demissão seria feito ontem. Só não ocorreu porque o secretário-executivo da Saúde, José Carlos Seixas, não aceitou ficar como ministro interino.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que só Jatene pode decidir se sai ou não do cargo. Segundo Amaral, a demissão do ministro ainda é "uma hipótese".
No início da noite, FHC convocou Jatene para uma reunião em Brasília. O ministro estava em São Paulo. As razões para a saída do ministro da Saúde são várias:
1) Jatene estava insatisfeito com a falta crônica de recursos para a sua área. Até dezembro, estima que precisaria ter R$ 1,6 bilhão a mais;
2) FHC estava irritado com Jatene por causa dos constantes pedidos de verbas. O presidente concorda que faltam verbas, mas acha que o ministro poderia oferecer alternativas, em vez de reclamar;
3) na quarta-feira passada, técnicos do Ministério do Planejamento sugeriram a Jatene fazer uma redistribuição do dinheiro de que já dispõe. O ministro não aceitou a sugestão e ficou irritado;
4) a regulamentação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) demorou (só será cobrada em 97);
5) parte da equipe econômica defende o fim do serviço universal de saúde, como está previsto na Constituição. Jatene é contra;
6) em campanha pela reeleição, FHC considera vital a área social. Acha que Jatene não conseguiria um ritmo mais acelerado.
Na quarta passada, em reunião entre o ministro e o presidente começou a ser acertada sua saída.
Não interessa a FHC que Jatene saia dizendo que tentou colocar o sistema de saúde em ordem e que isso não teria sido possível por insensibilidade do governo. Ainda não está certo que tipo de discurso público o ministro terá ao sair.
Como José Carlos Seixas não aceitou a interinidade, a saída acabou atrasando. A idéia do presidente é fazer uma substituição rápida. Não vai esperar até o início de março, período para o qual prepara uma reforma ministerial.
Maluf
O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, disse ontem que "o lema do PSDB é proteger o rico, e o do ministro (Jatene), o pobre".

Colaboraram Augusto Gazir, da Sucursal de Brasília, e a Reportagem Local

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