São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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PF terá acesso rápido a dados do Nacional

Unibanco terá de abrir contas

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Os peritos da Polícia Federal que investigam o caso das supostas fraudes de créditos no Banco Nacional terão, a partir de agora, acesso direto ao sistema de informática do Unibanco (que incorporou o Nacional).
A decisão foi do juiz da 4ª Vara Federal do Rio, Abel Fernandes. Os peritos, acompanhados por técnicos do Unibanco, poderão saber como funcionavam as mais de 1.600 contas correntes recentemente descobertas. Essas contas recebiam o mesmo tratamento das 652 contas supostamente com créditos fictícios detectadas inicialmente pelo BC (Banco Central).
Até agora, a PF e a Procuradoria da República pediam os dados ao Unibanco, que os liberava em um período que ia de 30 a 45 dias. Agora, os dados serão de conhecimento imediato dos investigadores.
O Unibanco informou à PF, segundo a Folha apurou, que levanta a hipótese de as contas terem tido problemas operacionais e que, por isso, os dados poderiam ter sido alterados no programa de computador para que os clientes não tivessem conhecimento da falha.
Em outubro de 95, menos de um mês antes da intervenção no Nacional, mais de 800 dessas contas tiveram dados alterados. O Unibanco avalia a possibilidade de que, por erro, teriam sido descadastrados os limites de cheque especial, segundo a Folha apurou.
Funcionários do ex-Nacional teriam, então, usado o mesmo esquema das 652 contas correntes para mascarar o erro. A PF estranha que a alteração tenha ocorrido no programa e não no sistema, onde seria menos trabalhosa.
Depoimento
Depõe hoje na PF o gerente da área de Controladoria Mário Sérgio Auler. Ele é considerado pelos investigadores o "pai da criança" operacional da suposta fraude.
Segundo depoimento do diretor Gilberto Correa, dia 24 de outubro, em São Paulo, era Auler que fazia os relatórios para o público externo (com os créditos fictícios) e para o público interno, com a situação real (sem esses créditos).
Auler, que continuou a trabalhar no Unibanco após a compra do Nacional, mas já foi demitido, era quem mais fornecia informações à comissão de inquérito do BC. Ele deve sair indiciado hoje da PF.

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