São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996 |
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Governo de SP ataca UDR
FÁBIO SANCHEZ
Belisário afirmou à Folha que a entidade "está constrangendo os fazendeiros a não realizar acordos" com o governo estadual. O secretário da Justiça se refere especialmente ao caso da fazenda Santa Irene, em Sandovalina (610 km a oeste de São Paulo), que o governo pretende desapropriar para reforma agrária. Ontem, cerca de 150 trabalhadores rurais ligados ao movimento dos sem-terra continuavam acampados em frente à fazenda, sem a intenção de deixar o local. O secretário enviou a Sandovalina a coordenadora-geral do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Tânia Andrade, que conversou com parentes do proprietário da fazenda, Francisco Jacintho, e com os sem-terra. Tânia deixou as reuniões também criticando a UDR, que estaria atrapalhando as negociações. "Parece que a UDR quer o conflito armado", disse. O presidente da UDR na região de Presidente Prudente, Roosevelt Roque dos Santos, devolveu as críticas feitas pelo governo. "O Estado usa o movimento dos sem-terra como forma de pressionar os fazendeiros a fazer acordos com preços muito abaixo do valor das fazendas", afirmou. Francisco Jacintho, dono da Santa Irene, afirmou que o governo estadual "não está fazendo o menor esforço para resolver o problema". Ele acredita que o Estado conta com o agravamento da situação para forçar um acordo. "Os sem-terra são o braço armado desse governo", disse Rubens Filgueiras, advogado de Jacintho. O fazendeiro aceita o valor estimado pelo Estado (R$ 1,5 milhão) se for pago em dinheiro -o governo quer pagar 80% em TDAs (Títulos da Dívida Agrária). Se aceitar as condições do dono da Santa Irene, o Estado abrirá um precedente que pode comprometer as negociações com outros 39 fazendeiros da região. O secretário quer discutir a questão com proprietários da região. Barricadas Os 150 sem-terra acampados em frente à Santa Irene cavaram ontem covas nas quais pretendem dormir, com receio de serem alvejados por seguranças da fazenda. Eles também armaram barricadas dentro de seus barracos com vigas de concreto e sacos de terra. Desde que os sem-terra acamparam em frente à fazenda, na semana passada, houve dois tiroteios. Texto Anterior: Preço de terra gera impasse Índice |
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