São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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UNE e Lindberg divergem sobre piquetes

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A direção da UNE (União Nacional dos Estudantes) e o ex-presidente da entidade e deputado federal Lindberg Farias (PC do B-RJ) divergem sobre as estratégias que deverão ser tomadas pela entidade no dia do provão.
Segundo Lindberg, os estudantes inscritos para o provão no próximo domingo poderão enfrentar piquetes na entrada dos locais de exame.
"Domingo será um dia de guerra para os estudantes", disse Lindberg, ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), que vai participar das manifestações no Rio.
Segundo Lindberg, as manifestações estão sendo organizadas pela UNE e por diretórios acadêmicos de faculdades.
"Eu acho que nós vamos conseguir convencer os estudantes a não fazerem a prova".
O diretor para universidades públicas da UNE, Vladimir Camargos, 22, disse que a instituição não apóia os piquetes. "Se alguém fizer piquetes no domingo, não será com a nossa ajuda".
O presidente da UNE, Orlando Silva Jr., não foi localizado ontem pela Folha.
Lindberg quer propor hoje ao ministro Paulo Renato Souza (Educação) que a identificação dos alunos seja cancelada.
"Sem identificação, não temos nada contra o provão. Quero propor uma solução", disse o deputado.
Paulo Renato disse à Folha que isso não é possível. "A lei é clara ao dizer que os alunos podem requerer a nota, por opção. Se anularmos qualquer identificação, nós estaremos violando a lei", disse o ministro.
Ele disse não temer ausências previstas de mais de 90% dos alunos de determinados cursos. Segundo o ministro, isso não vai prejudicar a avaliação do curso por amostragem das notas dos alunos.
"As pesquisas eleitorais são feitas com menos de 1% dos votos. Além disso, temos o tempo a nosso favor. No próximo ano, teremos mais alunos fazendo os exames", afirmou.
O MEC vai utilizar séries de cinco anos de resultados dos alunos no provão como um dos indicadores de avaliação dos cursos.
Ao final desse período, o curso tem seu credenciamento renovado pelo governo ou não.
As provas começaram a chegar ontem às cidades onde serão aplicadas no domingo, transportadas em carros-fortes e aviões.
Até a manhã de domingo ficarão guardadas em cofres bancários, que serão abertos pelos gerentes das agências. Os nomes dos bancos não foram revelados por medida de segurança.
Os estudantes vão ter quatro horas para fazer as provas. Elas começarão às 15h, horário de Brasília, e simultaneamente nas outras cidades (as variações decorrem do fuso horário).

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