São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Polícia estuda quebra de sigilo de celular

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de a Aeronáutica já ter descartado a hipótese, o delegado Romeu Tuma Júnior, titular da Delegacia Seccional Sul, ainda investiga a possibilidade de que a interferência de um telefone celular tenha derrubado o Fokker-100, matando 98 pessoas na última quinta-feira.
Por isso, ele deve pedir à Justiça a quebra do sigilo de todos os telefones celulares das pessoas que estavam no vôo 402.
Tuma tomou essa decisão ontem, após interrogar o técnico em eletrônica Spércio Carlos Montmar, da Líder Táxi Aéreo.
"Ele não descarta que um celular tenha causado o acidente, mas acha a hipótese pouco provável", disse o delegado.
"Mesmo assim, temos que continuar investigando essa possibilidade", afirmou.
Testemunha
Montmar estava trabalhando no aeroporto de Congonhas no momento da decolagem do Fokker-100 da TAM.
Ele também viu o reverso da turbina abrir e fechar quatro vezes antes da queda.
O delegado também ouviu ontem o piloto Ronaldo de Carvalho, 44. Ele estava se preparando para decolar no heliporto de Congonhas quando houve o acidente.
Contato com a torre
Carvalho estava com o rádio do helicóptero sintonizado na faixa de comunicação com a torre do aeroporto.
Ele afirmou que não houve diálogo entre o comandante do 402 e a torre após a decolagem.
"O único diálogo que existiu foi o pedido de autorização para a decolagem", afirmou.
Todos os pilotos são obrigados a ficar na sintonia da torre nas primeiras 35 milhas de vôo.
Caso tivesse havido uma conversa entre a torre e o piloto do vôo 402, Carvalho teria ouvido.
Com os dois depoimentos de ontem, Tuma Júnior já ouviu dez testemunhas da queda do avião. Ele disse que esses depoimentos lhe deram a certeza de que o avião caiu por um problema mecânico.
"Praticamente não tenho mais dúvidas de que o reverso da turbina abriu."
Inquérito
O inquérito da Polícia Civil deve apontar oficialmente quem são os suspeitos pela queda do avião.
A ele, serão juntados todos os laudos preparados pela comissão da Aeronáutica que investiga o acidente.
Esse inquérito será enviado ao Ministério Público, que irá decidir se os suspeitos serão ou não levados a julgamento.
Prazo
A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito. Esse prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias.
Hoje de manhã, Tuma Júnior tem programada uma reunião com os dois promotores do Ministério Público que estão acompanhando o inquérito, para definir quais serão os próximos passos da investigação.

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