São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Reinaldo nega usar droga e ataca polícia

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ex-centroavante do Atlético-MG, Palmeiras e seleção brasileira, José Reinaldo de Lima, 39, negou ontem qualquer envolvimento com tráfico ou consumo de drogas.
Sua declaração contrasta com o que divulgara anteontem a Polícia Civil mineira, em Belo Horizonte (MG).
Reinaldo, que chegou a marcar 28 gols no Campeonato Brasileiro de 1977 (recorde até hoje), declarou ter sido pressionado por policiais da Divisão de Tóxicos a assinar depoimento em que declara ser usuário de drogas.
Reinaldo, em seu apartamento, na zona sul de Belo Horizonte, acrescentou que não é viciado em drogas e que nem sabia que o amigo Waltenci Montanari usava seu carro para traficar.
Montanari foi preso acusado de levar 600 gramas de cocaína quando guiava o carro de Reinaldo.
O ex-jogador e ex-deputado estadual deve ser indiciado nos próximos dias pela Polícia Civil mineira por tráfico de drogas e formação de quadrilha.
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Agência Folha - Qual seu envolvimento com as pessoas presas em flagrante na semana passada acusadas de tráfico de drogas?
Reinaldo - Não tenho nenhum envolvimento. Agi de boa fé emprestando o carro ao Waltenci (Montanari, preso sob suspeita de portar 600 gramas de cocaína) sem saber a finalidade. Não receberia nada em troca.
Agência Folha - Você tinha intimidade com ele ao ponto de emprestar o carro sem saber para que seria usado?
Reinaldo - Eu o conheço há muitos anos do Sion (bairro de Belo Horizonte onde o ex-jogador morou). Ele me perguntou se podia usar meu carro. Eu disse que tudo bem, porque não ia sair.
Agência Folha - Você é usuário de cocaína?
Reinaldo - Não. Não sou dependente de nenhuma droga.
Agência Folha - Por que você disse, no depoimento à polícia, que é usuário de cocaína e iria receber uma quantidade da droga em troca do empréstimo do carro?
Reinaldo - Fui pressionado. Fui à delegacia para liberar o meu carro e lá me disseram que eu estava sendo indiciado por tráfico de cocaína e até que tinha sido citado em um caso de latrocínio (assalto seguido de morte).
Foi um depoimento cheio de intervalos. A cada hora, chegava uma pessoa diferente dizendo uma coisa diferente. Assinei o depoimento apenas para não ser preso.
Agência Folha - Por que você foi à Divisão de Tóxicos sem estar acompanhado por um advogado?
Reinaldo - Achei que era só para buscar o meu carro.
Agência Folha - Como você explica que esteja sendo indiciado por tráfico de drogas e por formação de quadrilha?
Reinaldo - Acho que foi uma forma de promoção da polícia, por eu ser uma pessoa pública. Como posso ser formador de quadrilha se só conheço um dos presos?
O único objeto do processo que me diz respeito é o meu carro. Eu não tenho nada a ver com isso.

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