São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Mar del Plata volta as costas ao Mercosul

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Depois de 25 anos de recesso, o Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata (cidade litorânea da Argentina) abre hoje sua 12ª edição.
Até o próximo dia 16, o evento procura reingressar no "ranking" dos principais encontros cinematográficos da América Latina, posto disputado com as mostras de Cartagena, Gramado e Havana.
A prometida "participação destacada dos países-membros do Mercosul, em particular o Brasil" não se cumpre na seleção de 19 títulos para o coração do festival, a mostra competitiva (leia quadro ao lado).
Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai estão fora da disputa pelo Ombú de Ouro, enquanto a Argentina concorre com o maior número de títulos (quatro). Seguem-se EUA e Grã-Bretanha (três), Espanha, França e Itália (dois), além de Grécia, México e Porto Rico.
O Brasil marca presença emplacando o cineasta Nélson Pereira dos Santos ("Memórias do Cárcere") entre os nove jurados.
Os filmes nacionais, alguns nem tão recentes, pontuam as seções paralelas. "Tieta do Agreste", de Carlos Diegues, está no ciclo "Atrás da Câmera", entre os destaques internacionais fora de concurso.
"Quem Matou Pixote" faz parte da mostra ibero-americana. "Jenipapo", de Monique Gardenberg, participa do ciclo "A Mulher e o Cinema". Já "Yndio do Brasil", de Sylvio Back, foi selecionado para "Contracampo", dedicado à produção independente.
Serão realizadas ainda mostras dedicadas à relação do cinema com a dança ("Dançando no Escuro"), aos grandes nomes do cinema espanhol e uma homenagem à atriz Libertad Lamarque, além de projeções à meia-noite ("Midnight Express"). A safra argentina 1996 recebe um foco especial.
O cinema francês é o destaque de dois ciclos: uma retrospectiva da nouvelle vague e um balanço da geração dos anos 90, apresentado pela revista "Cahiers du Cinema".
A Fipresci (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica) aproveita a oportunidade para realizar um seminário de dois dias (12 e 13) sobre o estado da crítica latino-americana.
A história do festival de Mar del Plata remonta aos anos 50. O evento surgiu em 1954, sem caráter competitivo, contando entre os convidados com Errol Flynn, Mary Pickford, Gina Lollobrigida e a jovem Jeanne Moreau.
Seria retomado apenas em 1959, já com uma disputa, vencida por "Morangos Silvestres" (1957), de Ingmar Bergman.
Em 1967 e 1969 o festival não se realizou, alternando-se com o evento similar sediado no Rio de Janeiro.
A 11ª e última edição data de 1970, sendo marcada pela isolada premiação de um filme brasileiro na história do evento: "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.

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