São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Após operação, Ieltsin retoma poder

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Recuperando-se rapidamente de uma cirurgia em que colocou cinco pontes coronárias, o presidente russo, Boris Ieltsin, 65, pediu ontem que os médicos o deixem sair do hospital em que está internado.
O presidente retomou ontem todos os seus poderes, inclusive o controle sobre o arsenal nuclear.
O poder havia sido entregue, durante a operação de sete horas, ao premiê Viktor Tchernomirdin.
Em sua operação, problemas de circulação no coração foram superados com a criação de cinco caminhos alternativos nas artérias coronárias para o sangue circular.
Segundo o cardiologista pioneiro norte-americano Michael DeBakey, 88, que supervisionou a cirurgia, Ieltsin poderá voltar às quadras de tênis em quatro meses.
"Eu disse para Ieltsin que ele tinha de ser muito paciente", afirmou DeBakey. O presidente pediu para ser transferido do Centro de Pesquisas Cardiológicas de Moscou para o Hospital Clínico Central, onde se tratou por duas vezes quando teve problemas cardíacos.
Conforto
Ieltsin, que se encontrou ontem no centro cardiológico com o premiê Viktor Tchernomirdin, disse que se sentiria mais confortável no outro hospital. Os médicos vão discutir hoje o pedido.
"Boris Nikolaiévitch já está ativo", disse o primeiro-ministro, que passou por uma cirurgia similar. "Um decreto foi assinado, e ele já está novamente no poder."
Ieltsin também foi visitado por sua mulher, Naina. Ela disse que já podia "sorrir novamente" após a operação e que todos os tubos tinham sido retirados do presidente.
Segundo o cardiologista russo Leo Bokeria, Ieltsin deve retornar a um "estado bastante ativo e até andar" nesta semana. Ele deve estar trabalhando normalmente em seis a oito semanas.
O Kremlin divulgou uma série de boletins sobre a saúde de Ieltsin. Os primeiros boletins indicavam os batimentos cardíacos do presidente (80 por minuto), a pressão sanguínea (variando de 11 por 7 a 12 por 8) e a temperatura (37,8oC).
O último dizia apenas que "não havia complicações no quadro", indicando que o Kremlin pode estar escondendo informações.
A suspeita cresceu quando um dos médicos cancelou uma entrevista coletiva que daria "por problemas técnicos". O Kremlin só deve divulgar novo boletim sobre a saúde do presidente hoje.
Recado
No hospital, o presidente Ieltsin recebeu a informação de que Bill Clinton tinha sido reeleito presidente dos EUA. O russo deu parabéns ao colega americano.
Com discurso reconciliatório, o líder do Partido Comunista (oposição), Guennadi Ziuganov, desejou a Ieltsin uma recuperação rápida. Mas disse que "ninguém até hoje dirigiu um país de um quarto de cuidados intensivos".
Os mercados financeiros na Rússia tiveram alta ontem na perspectiva da melhora do presidente.

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