São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Habeas-corpus tenta liberar aluno de sala

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A UNE (União Nacional dos Estudantes) tentou ontem mais um recurso judicial contra o Exame Nacional de Cursos, o provão.
O presidente da entidade, Orlando Silva Jr., entrou com um pedido de habeas-corpus em nome de estudantes da UnB (Universidade de Brasília), para que os alunos não sejam obrigados a ficar uma hora e meia na sala de exame.
Habeas corpus é uma garantia constitucional, concedida por juiz, a quem está na iminência de sofrer uma violência, abuso de poder ou ter impedida a liberdade de ir e vir.
O chamado Exame Nacional de Cursos vai avaliar no próximo domingo os 55 mil alunos do último ano de administração, direito e engenharia civil.
Engenharia civil
O pedido da entidade foi em favor de 34 dos 36 estudantes que estão se formando em engenharia civil na UnB.
O pedido de habeas-corpus deve ser julgado pela 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
Os formandos de engenharia civil da UnB assinaram um manifesto afirmando que vão entregar a prova em branco no domingo.
Por isso, os estudantes querem ter a liberdade de sair do local da prova logo depois de seu início, em vez de terem que esperar uma hora e meia.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) disse que o tempo mínimo fixado dentro da sala de aula é indispensável para garantir a segurança das provas.
"Em qualquer vestibular ou concurso público é assim. É uma medida de segurança para sigilo das provas", afirmou o ministro.
Os organizadores do exame temem que alguém saia do local de exame, resolva as questões e passe o resultado -por rádio, por exemplo- a alguém que está fazendo a prova.
O argumento da diretoria da UNE é que a lei que obriga os estudantes a fazer o provão para ser formar não estabelece que eles devem ficar uma hora e meia dentro do local de prova.
A nota do provão não tem peso na avaliação do aluno. Ele pode tirar zero e mesmo assim se formar. Por isso a UNE defende que se entregue a prova em branco.
"Algumas pessoas do movimento estudantil defendiam que os estudantes não fizessem a prova. Nós percebemos que os estudantes não gostam dessa idéia, isso pode prejudicá-los", disse.
A entidade é contra o provão porque considera que a nota individual, registrada em um documento sigiloso, poderá gerar discriminações no mercado de trabalho.
Segundo Orlando Silva Jr., o ranking das médias de notas obtidas nos cursos pode acentuar essa discriminação.

Texto Anterior: Donos de casas pedem pressa em reforma
Próximo Texto: Ministro recebe líderes favoráveis
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.