São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Indústria de trator espera novo crédito

DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) esperam uma nova linha de financiamento para os agricultores, com taxas de juros prefixadas, para reaquecer suas vendas no mercado interno.
As vendas acumulam, de janeiro a outubro, queda de 44,39% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em outubro, foram produzidas 2.072 máquinas agrícolas. O mercado brasileiro consumiu 1.165.
A nova linha de financiamento para aquisição de máquinas agrícolas deve oferecer taxas de juros fixas entre 16% e 18%.
"Esperamos que o índice seja menor", diz Persio Luiz Pastre, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Há cerca de seis meses a indústria, que está trabalhando com apenas 30% de sua capacidade de produção, vem discutindo com o governo a criação do novo crédito.
O financiamento com taxas prefixadas deverá ser oferecido por bancos privados e públicos, segundo Pastre.
Impacto
Na opinião de Paulo Herrman, diretor de desenvolvimento da AGCO do Brasil, que fabrica os tratores Massey Ferguson, neste ano o setor teve o pior desempenho de todos os tempos.
"Não acredito que uma nova linha de crédito terá impacto no mercado ainda em 96."
A AGCO fabricou em outubro 285 tratores. A produção acumulada do ano é 47% inferior à do ano passado.
Para Cláudio Costa, 34, diretor de recursos humanos e relações externas da Valmet Tratores, o novo financiamento tem que ser lançado ainda neste ano para que a indústria volte a crescer no início de 1997.
"Mesmo que a taxa de juros chegue a 16%, ainda não caracteriza índice de uma economia estabilizada", diz Costa.
As exportações em outubro somaram 899 máquinas agrícolas, desempenho semelhante ao de agosto último.
Segundo levantamento divulgado pela Anfavea, as exportações cresceram 60,47% nos dez primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período de 95.
"Este é o melhor ano de exportação para a indústria", diz o vice-presidente da Anfavea.
Com as exportações, a indústria de máquinas agrícolas faturou cerca de US$ 470 milhões nos dez primeiros meses do ano, valor 5% superior ao do ano passado.
A Valmet, por exemplo, está com uma central de vendas na Argentina, país que mais comprou tratores da empresa depois do Brasil.
Com capacidade para produzir 15 mil unidades, a Valmet deverá fechar o ano com 4.800 tratores fabricados.
"A indústria brasileira está sentindo o efeito da globalização. Um dos caminhos é a exportação, além da introdução de peças importadas para a produção de tratores, mais baratas que as nacionais", diz o diretor da AGCO do Brasil.

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