São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Esquerda tenta 'abafar' apoio de oligarquias

DANIELA FALCÃO
ENVIADA ESPECIAL A NATAL (RN)

Apesar de as candidatas à Prefeitura de Natal serem de partidos de esquerda (PT e PSB), considerados independentes das oligarquias locais, as duas famílias que dominam há anos a política do Rio Grande do Norte -os Alves e os Maia- acompanham atentamente o resultado das eleições.
Vilma de Faria (PSB) se coligou desde o primeiro turno com o PFL do senador José Agripino Maia.
No segundo turno, a candidata do PT, Fátima Bezerra, recebeu apoio do ex-ministro Aluizio Alves (governo Sarney) e do governador Garibaldi Alves Filho (PMDB).
O PFL preferiu não entrar na disputa, limitando-se a indicar o candidato a vice na chapa encabeçada por Vilma de Faria. Já o PMDB não hesitou em declarar apoio à candidata do PT tão logo o resultado do primeiro turno foi divulgado.
Trabalho silencioso
O apoio das oligarquias é considerado fundamental. Entretanto, PT e PSB preferem que seus aliados trabalhem em silêncio, sem aparecer muito nas campanhas.
O motivo: Vilma e Fátima repetem exaustivamente em comícios e programas eleitorais que são independentes dos chefes políticos.
"Não dá para comparar minha situação com a do PSB. Eu não fiz coligação com nenhuma oligarquia. Meus companheiros de chapa são PC do B e PPS. Se o PMDB resolveu me apoiar agora, não há por que recusar. Mas não darei nada em troca", afirmou Fátima.
Vilma garante que a coligação com o PFL e a família Maia não irá comprometer sua administração. "Meu partido faz oposição ao governo federal, e o PFL não. Isso mostra que, mesmo coligados, somos independentes. O PT esconde as alianças que faz", disse.
Segundo a Folha apurou, PMDB e PFL só teriam aceito fazer papel de coadjuvantes nas eleições municipais para ter o apoio do PT e do PSB na disputa estadual em 98.
Boxe
A vitória inesperada do boxeador Evander Holyfield sobre Mike Tyson foi usada por Fátima para alertar a rival Vilma de Faria de que poderá haver surpresa no resultado das eleições municipais. Vilma lidera as intenções de voto.
Em entrevista à Folha, Fátima disse que ainda era "muito cedo" para Vilma comemorar vitória e se comparou a Holyfield.
"Essa é uma eleição muito acirrada. A ganhadora só será conhecida no dia. Ela fala como se estivesse com 20 pontos de vantagem, mas sinto que a realidade é outra. Estamos disputando voto a voto."
A comparação entre a luta de boxe e as eleições foi usada no último programa eleitoral de Fátima, exibido ontem. A confiança de Vilma na vitória foi comparada à "atitude arrogante" de Mike Tyson.
"A outra candidata é arrogante como Tyson e já se considera prefeita. Mas eu me preparei muito e vou derrubá-la, como Holyfield derrubou Tyson", disse Fátima.
As candidatas passaram o dia de ontem se preparando para o último debate de TV.
O PT tinha esperança de reverter o favoritismo de Vilma com acusações de má gestão financeira durante os quatro anos em que ela administrou Natal (88 a 92). "Não tenho medo porque não há irregularidades graves", disse Vilma.

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