São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Proposta para os idosos

CANDIDO GALVÃO

A divulgação de estatísticas sobre situações sociais em diversos países mostra a realidade e fornece subsídios para mudanças nas áreas mais carentes. O último relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento humano, por exemplo, aponta um avanço da América Latina -sendo a Argentina o país da região com melhor desempenho, no 30º lugar, seguido pela Costa Rica, 31ª, Uruguai, 32º, e Chile, 33º. O Brasil, apesar de forte economicamente, ocupa o 58º lugar no ranking mundial da qualidade de vida.
Há que se registrar, é verdade, que o mesmo estudo, em 1992, colocava o país na 64ª posição, demonstrando uma evolução nos últimos anos. Ainda é pouco, no entanto. O Brasil ainda tem uma qualidade de vida insatisfatória, em razão, sobretudo, de sua altíssima concentração de riquezas.
Nosso desequilíbrio social impõe aos cidadãos uma rotina angustiante, notadamente para os idosos, cujas atuais aposentadorias são insuficientes até para a compra de medicamentos. Geralmente abandonados em asilos, vivem desmotivados e confinados a um pequeno quarto.
Mesmo sem uma receita precisa, está claro que o problema dos idosos é de toda a sociedade, especialmente do poder público, a quem compete oferecer condições para que tenham um fim de vida digno.
O objetivo é estimular a canalização de recursos públicos para o setor. E o momento é agora, já que a Assembléia Legislativa está a poucas semanas da aprovação do Orçamento do governo do Estado para o exercício de 1997.
A secretária da Criança, Família e Bem-Estar Social, Marta Godinho, idealizou programas como o das "famílias substitutas" para que os velhinhos reencontrem motivação junto do convívio doméstico.
No Brasil, o idoso é vítima do preconceito. Quase sempre vem de uma vida de sacrifícios e recebe as mais diferentes formas de violência. É necessário, portanto, dar-lhes mais que um teto para morar.
O programa de "famílias substitutas" recupera a dignidade dos idosos e faz com que tenham um fim de vida melhor. Claro que não é possível, num curto espaço de tempo, transformar uma realidade injusta num sonho possível a milhares de pessoas. A idéia, porém, está lançada.
Se entendida e levada à frente, poderá representar um amanhã melhor para todos. Vai representar, também, um salto considerável no sentido de reverter a vergonhosa posição que ocupamos no cenário internacional da qualidade de vida.

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