São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Governo não define situação de faltosos

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Educação não confirmou ontem que os alunos impedidos de fazer o provão por causa do tumulto causados pelos boicotes poderiam registrar o diploma com a apresentação de um boletim de ocorrência.
No colégio Pedro 2º, em São Cristóvão (zona norte do Rio), pelo menos 800 dos 1.926 alunos inscritos deixaram de fazer a prova.
Segundo o ministro Paulo Renato Souza, o tumulto teria sido provocado pela tentativa de boicote coordenada pela UNE (União Nacional dos Estudantes).
A UNE atribui o problema à desorganização dos exames.
Também foi informado que o ministério pretende estudar cada caso separadamente.
Os estudantes que deixaram de comparecer ao local de exame por outros motivos poderão fazer a prova no ano que vem.
A assessoria diz que uma decisão definitiva a respeito só será tomada depois que os números de abstenção e de provas em branco estiverem totalizados, no início da próxima semana.
Bode expiatório
O presidente da UNE, Orlando Silva Junior, 25, classificou ontem de levianas as declarações do ministro responsabilizando a entidade pelos tumultos.
"Todo mundo sabe qual foi a orientação que a UNE passou. O estudante deveria ir até o local da prova, assinar a lista de presença e entregar a prova em branco. Isso ocorreu em todo o Brasil. No Rio de Janeiro foi um fato isolado."
Segundo ele, o governo estaria se apoiando nesse fato para dizer que os problemas do provão seriam responsabilidade da UNE.
"O governo quer fazer da UNE um bode expiatório da incompetência dele."
Para ele, existe um impasse que poderia ser resolvido com a anulação da prova.
"Nós estamos dando uma oportunidade para o governo anular a prova e, ao mesmo tempo, abrir um fórum de discussões com a universidade e com a sociedade para elaborar uma programa verdadeiro de avaliação."
Segundo ele, muitos alunos deixaram de fazer a prova em todo o Brasil. "O governo vai ter que garantir o diploma para os alunos que não fizeram o provão, não só os do Rio de Janeiro."
Silva Júnior afirma que, caso os alunos tenham problemas na obtenção do registro de seus diplomas no MEC, a entidade pretende estudar medidas jurídicas de apoio aos estudantes.
"A UNE vai dar todo o apoio, todo o suporte, para esse alunos que o MEC quer prejudicar."

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