São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Juro ao consumidor vai de 0,69% a 45%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As taxas de juros cobradas pelo comércio em outubro continuaram altas, e na comparação com setembro, mostraram-se relativamente estáveis.
A constatação é de pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que também registrou forte elevação das taxas máximas em várias regiões. As diferenças vão de 0,69% a 45,16% ao mês, ou seja, de 8,60% a 8.653,13% ao ano.
A média geral dos juros do comércio chegou a subir de 9,33% para 9,41% ao mês, entre setembro e outubro, enquanto os juros médios das grandes redes de lojas -tipo Arapuã, Casas Bahia e Ponto Frio- baixaram de 7,53% para 7,51% ao mês.
Em outubro de 95 a média geral do comércio era de 14,37%, e a das grandes redes, de 12,83%. Nos meses seguintes houve queda constante e gradual, acompanhando -embora com boa distância- os juros das aplicações. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) recuou de 3,06% para 1,86% nos últimos 12 meses.
Sete regiões
A pesquisa da Anefac de outubro baseou-se em anúncios publicados nos jornais de maior circulação nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, além de Brasília. Até dois meses atrás, abrangia três Estados (SP, RJ e RS).
Os juros dos bancos no crédito direto ao consumidor são mais baixos (média de 5% ao mês) que os cobrados por lojistas. No Bradesco, por exemplo, é de 4%.
Representantes de financeiras explicam que os bancos são mais cautelosos na concessão de crédito, para se prevenirem de calotes, o que permite reduzir a taxa de risco embutida no juro final. Os lojistas assumem mais riscos porque estão interessados em vender e girar seus estoques.
Discrepâncias
Pela pesquisa da Anefac, as taxas de juros variam bastante conforme o porte das lojas e o tipo de produto vendido. Em outubro, foram de 5,85% (turismo) e 5,81% ao mês (veículos) a 11,19% (pequenas redes) e 11,27% (telefones celulares).
Esses percentuais são médios. Anúncio por anúncio, foram encontradas taxas de 0,69% ao mês, em loja de móveis, a 45,16%, para venda de celulares.
Essa discrepância, aparentemente absurda, está documentada, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador da pesquisa.
Em setembro, diz ele, as taxas máximas chegavam a cerca de 15% ao mês. No mês seguinte, em algumas regiões foram registrados juros máximos de 30% a 45%, e em todas houve aumento da distância entre o mínimo e o máximo.
Ele atribui o fato ao aparecimento, nos jornais, de anúncios de lojas de pequeno porte, devido às vendas de final de ano. Em geral, explica Oliveira, taxas extremamente elevadas são para financiamento de produtos de baixo valor unitário e em crediário de curto prazo, por meio de pré-datados.
"Diferenças de poucos reais parecem pequenas para o consumidor, mas às vezes refletem juros altíssimos", afirma Oliveira.
Ele não descarta casos, embora isolados, em que o próprio lojista desconhece a taxa efetiva que está cobrando. Entre os consumidores, o desconhecimento é total, segundo entrevista com 393 deles.
Os juros muito baixos, até negativos, diz ele, são cobrados por lojas financiadas por fabricantes, também em prazos mais curtos.

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