São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Choque de aviões na Índia mata 350

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 350 pessoas morreram no terceiro pior acidente da história da aviação, ontem, na Índia. Dois aviões se chocaram no ar. Não há sobreviventes, dizem as autoridades do país.
Um Boeing-747/100 da companhia aérea Saudi Arabian Airlines, com 312 a bordo, havia decolado de Nova Déli 15 minutos antes do choque com destino à Arábia Saudita e se chocou com um avião do Cazaquistão que se preparava para pousar no Aeroporto Indira Gandhi, na capital indiana.
Houve controvérsias sobre o avião da Kazakh Airways, que levava 38 ou 39 pessoas. As primeiras versões diziam que era um Tupolev Tu-154, mas autoridades cazaques disseram tratar-se de um cargueiro Iliuchin Il-76. Ambos são de fabricação russa.
Segundo equipes de socorro, três pessoas chegaram a ser resgatadas com vida, mas morreram a caminho do hospital. O acidente aconteceu às 18h40 (11h10 em Brasília) e, na madrugada de hoje, 275 corpos carbonizados haviam sido encontrados em Sharki Dadri, o local da queda, cerca de 70 km a oeste de Nova Déli.
Os aviões caíram sobre uma área agrícola bastante populada. Não há informações sobre mortes entre os moradores, entretanto.
O comando da aviação civil indiana disse que o avião da Saudi Arabian Airlines tinha recebido permissão para subir até 14 mil pés (4.270 metros), logo após decolar, enquanto o avião cazaque tinha recebido ordens para descer até 15 mil pés (4.570 metros).
Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu para que eles se chocassem. "Eu vi uma bola de fogo caindo e só então percebi que eram aviões", afirmou uma testemunha.
A tripulação de um cargueiro militar norte-americano também relatou a colisão. O piloto, que não deu o nome, disse que viu duas bolas de fogo, que caíram em menos de um minuto, afastando-se.
O avião militar voava a 80 km de distância dos aviões que se chocaram. Havia nuvens no momento, que, somadas à escuridão, não permitiram que a tripulação visse o acidente. Os ocupantes pensaram que o clarão fosse um raio.
Foi o pior acidente em vôo (excluindo pousos, decolagens e choques com o solo ou montanhas) da história da aviação. O Boeing saudita ia para Dhahran e Jidá, (Arábia Saudita). A maioria dos passageiros era indiana ou nepalesa.
O avião cazaque havia sido fretado por uma empresa do Quirguistão para ir de Tchimkent, no Cazaquistão, para a Índia. Segundo as autoridades do Cazaquistão (uma ex-república da URSS, assim como o vizinho Quirguistão), o avião levava 38 pessoas -a maioria quirguizes-, entre as quais uma criança e dez tripulantes. O Ministério dos Transportes cazaque não soube informar qual era a carga que o avião transportava.
Resgate difícil
A escuridão da noite e a curiosidade dos habitantes da região estão dificultando o trabalho de resgate dos corpos.
Cerca de 20 mil pessoas, a maioria agricultores, estão na área do acidente. A polícia isolou o local para evitar saques aos destroços e tumultos. As peças dos aviões caíram sobre pequenas cidades em um raio de 6 km. Segundo testemunhas, uma peça causou uma cratera de 100 m de comprimento.
Apenas dois corpos haviam sido identificados até a madrugada de hoje (fim da tarde no Brasil): o do piloto e o de uma das comissárias de bordo do Boeing saudita, devido aos uniformes.
Por causa das queimaduras, os policiais acham que a identificação de muitos corpos será impossível.

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