São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Para ONU, fome ameaça segurança

LUCIA MARTINS
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

A FAO, órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação, abre hoje em Roma a maior conferência de sua história.
O objetivo é transformar o debate sobre como acabar com a fome no mundo em uma "questão de segurança internacional".
Segundo a agência das Nações Unidas, apenas nos países em desenvolvimento, há cerca de 800 milhões de pessoas sofrendo de desnutrição crônica, e 200 milhões de crianças com menos de cinco anos com deficiências agudas por falta de proteínas e calorias.
Para lembrar o mundo desses números alarmantes, a organização vai promover até o próximo domingo a maior reunião internacional na sua sede.
Vários chefes de Estado são esperados, entre eles o presidente de Cuba, Fidel Castro, seu colega da Líbia, Muammar Gaddafi, e o rei Hussein, da Jordânia.
A FAO não fazia conferência desde 1974. A reunião daquele ano foi considerada sem importância porque não contou com a presença de chefes de Estado.
Papa
O papa João Paulo 2º abre hoje a conferência com uma "mensagem de esperança".
Depois dele, estão previstos os discursos do presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro, do secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, e do diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.
O momento mais esperado será o provável encontro do papa com Fidel Castro.
Se o presidente cubano vier (a chegada está "não-oficialmente" marcada para amanhã), estará articulando uma visita de João Paulo 2º a Cuba. O Brasil deve ser representado pelo ministro da Agricultura, Arlindo Porto.
África
A fome na África será um dos principais enfoques da conferência. Segundo a FAO, na região da África Subsaariana, 43% da população (215 milhões de pessoas) está desnutrida. Em 1971, a porcentagem de desnutridos era 38%.
No Sudeste Asiático, a FAO prevê que 50% das crianças estejam abaixo do peso correto.
Outro problema abordado será a queda na produção de grãos nos últimos quatro anos.
Em 1993, havia estoques de 147,5 milhões de toneladas. Neste ano, esse número caiu para apenas 107,8 milhões de toneladas.
Comparada com a África e com o leste e sul da Ásia, a América Latina tem os melhores números em quantidade de alimentos por pessoa. Segundo a ONU, a região tem uma média diária de 2.700 calorias/per capita.
Crescimento
A conferência vai tentar alertar para o risco de o crescimento da produção de alimentos não acompanhar o aumento populacional.
A população deve crescer de 5,7 bilhões (hoje) para 8,7 bilhões de pessoas em 2030.

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