São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia apura se há ligação com queda

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia vai investigar se a decolagem abortada ocorrida ontem tem alguma relação com o acidente que matou 98 pessoas no último dia 31, no Jabaquara (zona sul de São Paulo).
O delegado Romeu Tuma Júnior, titular da Delegacia Seccional Sul, desconfia que falhas da TAM na manutenção dos aviões podem ter causado os dois problemas.
Hoje à tarde, o delegado deve ouvir o chefe do departamento de manutenção da TAM, engenheiro Ruy Amparo.
O depoimento já estava previsto no inquérito sobre a queda do avião. Mas Tuma Júnior vai aproveitar para interrogar o engenheiro sobre os problemas de ontem em Congonhas.
Como foi intimado a depor sobre o acidente, Amparo pode se recusar a responder sobre outro fato.
Mas, neste caso, Tuma Júnior afirma que pode abrir outro inquérito para investigar apenas a decolagem abortada.
Ameaça
Ontem estava previsto o depoimento do comandante Armando Luís Barbosa, piloto do penúltimo vôo com o Fokker-100 acidentado.
Mas, pela segunda vez, Barbosa não compareceu à Delegacia Seccional Sul.
Segundo Tuma Júnior, a TAM entrou em contato com a delegacia e pediu para o depoimento ser adiado para hoje, pois o piloto estava voando ontem.
O delegado concordou e marcou o novo depoimento para as 9h30 de hoje.
"Nós acatamos mais uma vez o pedido da TAM. Mas, se o piloto não vier hoje, nós iremos à empresa para conduzi-lo coercitivamente com um mandado judicial", afirmou o delegado.
O delegado afirma que o departamento jurídico da TAM quer que o depoimento do piloto aconteça após o do chefe de manutenção. Mas ele não aceitou o pedido e quer ouvir o piloto primeiro.
Também está previsto para hoje o depoimento do comandante Osmar Medeiros de Souza, que fez o vôo anterior ao de Barbosa.
Caso os pilotos não compareçam, o depoimento de Ruy Amparo será adiado.
Torre
Tuma Júnior também ouviu ontem os três sargentos da Aeronáutica que estavam de plantão na torre de controle de Congonhas no momento da queda do Fokker-100.
Eles confirmaram que não houve nenhum diálogo entre o piloto José Antônio Moreno e a torre após a decolagem do avião.
Os nomes dos sargentos não foram revelados.
"O único contato entre a torre e o piloto foi a autorização para a decolagem", disse o delegado.

Texto Anterior: São José e Ribeirão operam sem radar
Próximo Texto: Caixas-pretas chegam amanhã
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.