São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996 |
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BC rastreia dólares de venda de atletas IRINEU MACHADO IRINEU MACHADO; ALEX RIBEIRO
e ALEX RIBEIRO O Banco Central está investigando as transferências dos últimos seis anos de jogadores de futebol do Brasil para o exterior. O objetivo é rastrear possíveis operações irregulares de entradas de dólares no país. O BC suspeita que as normas de venda de atletas a clubes estrangeiros não tenham sido respeitadas em várias transferências. A principal meta da investigação é detectar transações em que o dinheiro da venda de atletas não tenha passado por instituições financeiras do país, como determina o BC. Os clubes podem ter usado o mercado paralelo para converter em reais o dinheiro obtido na negociação dos passes. O correto é que eles sigam os mesmos procedimentos que qualquer empresa está obrigada a obedecer na troca de moedas estrangeiras por reais (leia texto abaixo). Se o BC descobrir que há clubes depositando o dinheiro dos passes em contas mantidas em bancos estrangeiros, pode determinar o imediato ingresso desses recursos ao país. José Maria Carvalho, chefe do Departamento de Câmbio do BC, afirmou que esse tipo de fiscalização é um procedimento de rotina. "Quando uma empresa manda soja ao exterior, recebe uma moeda estrangeira em pagamento. Esse dinheiro precisa ser convertido em reais. Com o passe do jogador ocorre o mesmo", disse. As notificações Os clubes brasileiros têm prazo de 15 dias para enviar a documentação completa sobre as transações. Eles começaram a receber as notificações do BC no início da semana passada. Além de paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos, clubes das regiões Norte e Nordeste também estão sendo notificados. O Departamento de Câmbio do BC pediu à Confederação Brasileira de Futebol uma lista com todas as transferências de jogadores ao exterior desde 1990. A CBF já enviou a relação ao BC. A CBF exige documentação dos clubes e registra as transferências quando um atleta brasileiro vai atuar por um clube estrangeiro. José Maria Carvalho, do BC, não revelou a que tipos de punições estarão sujeitos os clubes com transações irregulares. "Vamos analisar cada caso", avisou. "Se for constatado que não houve troca da moeda, exigiremos que seja a primeira coisa que o clube faça. De imediato." "O fato é que pode ser que haja operações irregulares e é isso que queremos saber." Próximo Texto: Paulistas têm mais vendas Índice |
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