São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Buda' aproxima opostos

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"O Pequeno Buda" (Telecine, 0h50) foi, dos filmes do italiano Bernardo Bertolucci, o recebido com maior frieza nos últimos anos.
A história, no entanto, beira o delírio: nos Estados Unidos -em Seattle, um coração do progresso-, um menino é descoberto por monges tibetanos como um dos candidatos a tornar-se alto líder espiritual.
A premissa é de fato desconcertante. Ou seria, não fosse o tema tão adequado ao gosto do diretor: confronto entre a estética hipermoderna de uma cidade dos EUA e a arquitetura (e usos) tibetanos, tão opostos a tudo que sugere palavra moderno, atua como foco central deste filme de 1994.
Mas existe também um sutil encontro entre as duas paisagens. Às vezes chega a beirar o cômico. Quando, por exemplo, monges invadem uma casa norte-americana -descarnada, aparentemente desprovida de espírito-, convencidos de que ali encontrarão um grande místico.
Aos poucos, o filme se impõe como um trabalho de interação. O temporal e o atemporal, o espiritual e o físico parecem estabelecer um sistema de troca. De tal modo que, ao final, ficamos com a impressão de que Ocidente e Oriente não podem existir um sem o outro.
"O Pequeno Buda" é um filme construído no interior da história e da beleza de cada civilização. Parece feito para constatar que mundos distantes podem não ser, afinal, opostos, mas complementares.
(IA)

Texto Anterior: Buemba! Cadeira vazia arrasa no debate!
Próximo Texto: Histórias de Ipanema vão virar filme em 97
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.