São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
Texto Anterior | Índice

Esclarecimento; Voto negro; Debates; Democracia distorcida; Violência em campo; Protesto; Caso Bodega; Especulação

Esclarecimento
"A edição da Folha de 10/11 apresenta algumas reportagens sobre a campanha eleitoral do PT que exigem reparos e esclarecimentos.
O título do caderno Eleições 96 anuncia que o PT pretende 'enquadrar Luiza Erundina'. Para justificar essa tese são utilizados depoimentos de dirigentes, dados em momentos e contextos diferenciados (como o do secretário-geral Cândido Vaccarezza, a propósito de uma polêmica que envolvia Lula e Pedro Dallari), e é, inclusive, anunciado o momento desse enquadramento: uma suposta reunião nacional de prefeitos no dia 29/11 e outras datas de reuniões do partido.
A informação dada por Francisco Campos, secretário de Comunicação do PT-SP, é que a reunião do dia 29 é dos prefeitos eleitos apenas por São Paulo e terá como pauta única a preparação dos governos municipais petistas neste Estado. A reunião nacional de prefeitos eleitos vai ocorrer em Brasília, de 13 a 15 de dezembro, com o mesmo objetivo.
A existência, real, de divergências, de críticas públicas, não pode permitir a ninguém deduzir por um processo de enquadramento. Dêem-nos a liberdade de decidir.
Com relação à informação sobre o sr. Chico Malfitani, cabe apenas ressalvar que a direção do PT não faz crítica alguma à sua participação na campanha da candidata Vilma Faria.
Com relação à campanha de Maceió, é evidente que o PT não pode endossar nenhuma forma de campanha anticomunista. O que falta informar é que a candidata petista, Heloísa Helena, foi vítima de sistemática campanha anticomunista por parte da campanha da candidata Kátia Born.
O comando da campanha petista em Maceió resolveu esclarecer que os partidos comunistas locais apoiavam justamente a campanha que fazia, contra o PT, uma campanha anticomunista.
Essa informação, que não consta da reportagem, é essencial para que se compreenda o contexto, ainda que estranhemos e lamentemos que esse tipo de subterfúgio seja utilizado numa campanha disputada por dois partidos aliados no plano nacional."
Gilberto Carvalho, secretário nacional de Comunicação, e Francisco Campos, secretário de Comunicação Estadual-SP do Partido dos Trabalhadores (São Paulo, SP)

Voto negro
"Ao comentar aqui minha opinião sobre o voto racial, jamais imaginei transformar esta seção do jornal em um ponto de 'briga de pretos', tal o volume do besteirol que se sucedeu.
Algumas pessoas vieram a público 'desmentir' coisas que todo militante sério está cansado de conhecer. Outras mais estapafúrdias vieram desmentir o que elas mesmas pensam.
Não há uma única linha sequer a ser alterada em minha declaração de 29/10, por ser rigorosamente verdadeira. Contudo fatos novos exigem que eu esclareça meus apressados detratores que me têm como secretariável do candidato Celso Pitta.
Executo atualmente um importante trabalho que estuda políticas específicas destinadas aos negros no país. Considero tal tarefa a culminação de uma luta iniciada há mais de 20 anos. Assim, não existe cargo que possa interromper o que de bom grado agora faço; nem mesmo o de prefeito desta cidade, quanto menos o de secretário. Em tempo: dispenso o respeito do baixo clero negro."
Helio Santos, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Debates
"Lamentável o desfecho dos propalados e não realizados debates dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Na TV Bandeirantes, Pitta participou de algo que pode ser definido como uma conversa entre amigos tal a suavidade com que foram abordados os temas pelos perguntadores.
Já a candidata Erundina não poupou elogios à TV Globo, parecendo esquecer-se das veementes queixas dos petistas de que a emissora teria prejudicado Lula naquele famoso debate final com Collor na campanha presidencial de 89."
Oswaldo Luiz Donatelli (São Paulo, SP)
*
"Luiza Erundina bem que poderia ter participado do debate promovido pela Rede Bandeirantes, mas por falta de uma boa assessoria optou em fazer a 'gracinha' de debater com o Chico Pinheiro na Globo, imaginando ganhar votos daqueles que estavam em dúvida.
Faltando com a palavra às vésperas da eleição, o que ela espera com essa atitude? Eleger-se ou engrossar as fileiras dos que votam branco ou nulo?"
Guilherme Loureiro (São Paulo, SP)

Democracia distorcida
"Na edição de 12/11 encontram-se os seguintes títulos: 'Ministro ameaça excluir MST de reforma'; 'Ministro não dará segunda chance a ausente'. Houve erro da Folha ou os títulos estão corretos?
Direitos passaram a ser considerados mera concessão, a depender da vontade de qualquer poderoso de plantão? Complicada a noção de democracia dos tucanos."
Mário José de Lima (Campinas, SP)

Violência em campo
"Lamentável o episódio da tarde de domingo no estádio do Fluminense.
O futebol carioca (e o brasileiro) continua na contramão da civilização.
E ainda queremos sediar a Olimpíada de 2004..."
Carlos Castro (Florianópolis, SC)

Protesto
"'Rodada leva indefinição ao Brasileiro'. O título na Folha de 11/10 é um primor; e o texto da notícia honra o estilo: '...Atlético-PR, Cruzeiro e Palmeiras lideram...'. Lideram?
Nenhuma alusão ao fato incontestável de que o Atlético-PR (quem? de onde?) assumiu a liderança isolada. Na essência, não sei qual a forma menos digna de encarar o fato: apelando para a violência, como fizeram outros nas Laranjeiras, ou fazendo de conta que nada aconteceu.
A ressaltar, finalmente, minha condição de torcedor do Coritiba, portanto insuspeito para exigir a correção da informação em favor do arqui-rival local. Para reduzir nosso interesse pelo futebol brasileiro bastam os cartolas."
Valdir Stremel (Curitiba, PR)
*
"Senti verdadeira discriminação em relação ao Clube Atlético Paranaense na cobertura da rodada do Campeonato Brasileiro do final de semana.
Já na chamada da primeira página verifica-se a má vontade na afirmação de que o Atlético-PR, Cruzeiro e Palmeiras lideram a competição. O certo é que o Atlético é o líder isolado, o que não mereceu o menor destaque.
No caderno Esporte a notícia sobre o jogo Fluminense x Atlético-PR, o jogo de maior repercussão do final de semana pela barbárie em que se transformou, mereceu o mesmo destaque dado a possível envolvimento de ex-jogador com drogas."
Antônio Dilson Pereira (Curitiba, PR)

Caso Bodega
"Parabéns à Polícia Civil de São Paulo pelo giro rápido no caso bar Bodega, com a prisão dos verdadeiros culpados.
Como fica o controvertido movimento Reage São Paulo?
Albertina Café, advogado Ciola e Hebe Camargo vão refazer declarações insultuosas e desairosas ao Ministério Público? Em vez de reage, por que não civismo?"
Antônio Carlos de Sousa (São Paulo, SP)

Especulação
"Um jornal da importância da Folha não pode especular com sua principal notícia da primeira página ('Fio partido pode ter derrubado jato') ou com qualquer outra notícia.
'Pode' é especulação."
Ronald Assumpção (São Paulo, SP)

Texto Anterior: A bola é redonda para os dois lados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.