São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Primeiro leilão da Vale deve ser adiado

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto já pretende adiar o primeiro leilão de privatização da Companhia do Vale do Rio Doce, anunciado para fevereiro do ano que vem.
Entre os motivos citados reservadamente por assessores palacianos, está o de que o presidente Fernando Henrique Cardoso quer evitar dúvidas e suspeitas sobre o preço das ações da empresa.
O valor patrimonial das ações mudará porque foram descobertas mais duas minas de ouro em área da companhia, no Pará.
O edital com as regras para a privatização da Vale não deverá sair em dezembro. Com isso, o início da transferência da estatal para o setor privado dificilmente ocorrerá no primeiro trimestre de 97.
O governo espera iniciar o processo de privatização até o final do primeiro semestre de 97. Segundo declarações do ministro Antonio Kandir (Planejamento), o governo espera obter R$ 10 bilhões com privatizações em 97 -graças, principalmente, à venda da Vale.
No Orçamento para o ano que vem, a previsão é mais conservadora: as receitas estimadas da privatização são de R$ 5,5 bilhões.
Aceleração
A aceleração da privatização da Vale não interessa politicamente a FHC. O assunto é motivo de polêmica no Congresso e poderia provocar mais um conflito com o Executivo no momento em que é discutida a emenda da reeleição.
A estratégia do Palácio do Planalto é não criar atritos ou fatos que possam ser alvo de barganha política pelos parlamentares.
Se for necessário, o governo adiará não apenas o leilão de privatização da Vale, mas também a definição da política de preços para o álcool e a discussão no Senado sobre a dívida dos Estados.
A liberação do preço do álcool, programada para janeiro, deverá ser protelada. O Planalto não quer enfrentar a oposição da bancada nordestina.
Os produtores de álcool do Nordeste são contrários à liberação do preço. Analisam que seriam prejudicados porque têm custos maiores do que os usineiros do Sudeste.
Por orientação do Planalto, o Banco Central e a Secretaria do Tesouro Nacional deverão aguardar a votação da reeleição para concretizar os acertos feitos com os governadores em torno da renegociação das dívidas estaduais.
Essas dívidas, juntas, somam cerca de R$ 100 bilhões. Neste segundo semestre, a equipe econômica já firmou protocolos prevendo a federalização de dívidas de Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul -mas isso ainda não foi posto em prática.
Na avaliação do Ministério da Fazenda e do Banco Central, sem o socorro federal, muitos dos Estados quebrariam, ou seja, não teriam como pagar funcionários públicos e manter a própria máquina administrativa funcionando.
A definição sobre isso ficará para depois da votação da reeleição. Para refinanciar a dívida em títulos dos Estados, o BC pretende exigir a privatização de bancos estaduais.

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