São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Quatro partidos concentram o poder com 70% das prefeituras do Brasil

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro turno da eleição municipal concentrou o poder no país. Quatro partidos -três deles governistas: PMDB, PFL, PSDB- elegeram 70% dos prefeitos nas 5.339 cidades onde a Justiça eleitoral já confirmou o resultado das urnas. O quarto é o PPB.
Além das 31 cidades onde há 2º turno hoje, não se conhece o prefeito de 150 municípios cujos resultados ainda não foram enviados ao Tribunal Superior Eleitoral e de 3 cujas eleições foram anuladas.
Mesmo perdendo em muitas das cidades onde detinha o poder, o PMDB ainda é o partido com maior número de prefeitos eleitos: 1.286 -o equivalente a pouco menos de 1/4 dos municípios do país. O problema é que são quase todos pequenos.
Tucanos avançam
O espaço cedido pelos peemedebistas foi ocupado, em boa parte, pelos tucanos. Com 907 prefeitos eleitos em 3 de outubro, o PSDB de Fernando Henrique Cardoso disputa com o PFL o segundo lugar em número de prefeituras. Os pefelistas conquistaram 929 cidades.
Em quarto lugar aparece o PPB de Paulo Maluf, com 618 prefeitos eleitos no 1º turno. O PDT é o quinto colocado (433 prefeitos), seguido de PTB (382), PL (222), PSB (148), PSD (116) e PT (110).
No total, 23 partidos alcançaram o poder municipal. Dois deles, em apenas uma cidade: o PTN e o Prona, de Enéas Carneiro.
Cacife
Apesar de o número de prefeitos eleitos não corresponder à votação total recebida pelos partidos, ele indica o cacife de cada um no jogo do poder.
A conquista de prefeituras é crucial para as siglas manterem as estruturas que ajudam a eleger deputados, senadores, governadores e até presidentes.
O avanço do PSDB ocorreu principalmente na região Sudeste, onde foi o partido que mais elegeu prefeitos em 3 dos 4 Estados: São Paulo, Rio e Minas Gerais.
Curiosamente, nesses três Estados os tucanos angariaram proporcionalmente menos votos do que prefeituras.
Em São Paulo, por exemplo, o partido ganhou em 34% das cidades. Mas a soma de votos dos seus vencedores chegou a apenas 27% da votação de todos os prefeitos eleitos no 1º turno no Estado.
Isso se explica, em parte, pelo fato de o partido estar disputando o 2º turno em várias das maiores cidades paulistas.
Se vencer, elevará seu percentual de votos, mas o total de prefeituras aumentará proporcionalmente menos.
Além dos 3 da região Sudeste, os tucanos lideram em número de prefeituras em mais 5 Estados.
No total, só perdem para o PMDB, que ganhou em 11. O PFL venceu em 4, o PPB em 3, o PSB em 1 e o PDT em 1.
A soma supera 26 -número de unidades da federação onde houve eleição- porque há empate em dois Estados: Alagoas, onde PMDB e PSDB conseguiram 20 prefeituras cada, e no Maranhão, onde PMDB e PFL empataram com 25 cidades cada um.
O PMDB lidera o ranking de prefeituras em três regiões: Norte, Sul e Centro-Oeste.
Nessa última região é onde tem mais folga sobre os demais partidos. Venceu em 35% das cidades. Segundo na região, o PFL ficou com apenas 16% dos municípios.
Nordeste
O Nordeste é a região que mantém a força do PFL no cenário nacional. Lá, o partido elegeu 24% dos prefeitos e ficou à frente do PMDB (19%).
Os peemedebistas se saíram melhor em 4 Estados nordestinos; PFL e PSDB, em 3 cada um.
O que determinou a vantagem regional favorável aos pefelistas foi o bom desempenho na Bahia, onde os seguidores de ACM conquistaram 124 prefeituras.
No Nordeste também se destaca o caso do PSB de Miguel Arraes. Das 148 prefeituras conquistadas pelos socialistas, 79 ficam em Pernambuco, Estado governado por Arraes.

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