São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 1996
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Balança comercial tem déficit recorde

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial brasileira teve déficit de US$ 1,308 bilhão em outubro, o pior resultado mensal desde janeiro de 1971.
As importações do mês passado também foram recordes nesse período de quase 26 anos: US$ 5,496 bilhões. As exportações atingiram US$ 4,188 bilhões. De janeiro a outubro o déficit acumulado é de US$ 2,900 bilhões.
O déficit da balança comercial é recorde em termos nominais. Não significa, porém, que seja o maior quando comparado com o PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país).
O resultado de outubro foi o quinto déficit consecutivo da balança comercial. O déficit de setembro ficou em US$ 655 milhões; o de agosto, em US$ 291 milhões. Novos déficits devem ser registrados neste mês e em dezembro.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, disse que o resultado negativo de outubro era previsível porque as importações sempre superam as exportações nessa época do ano.
Os dados do governo mostram que as importações acumuladas de janeiro a outubro somam US$ 42,946 bilhões. "As importações reagem mais rapidamente à demanda interna. Isso não acontece com as exportações", afirmou.
Mendonça de Barros disse que as exportações tendem a melhorar apenas no segundo bimestre de 1997. Nessa época, o país deve começar a embarcar para o exterior produtos agrícolas da safra 96/97.
Outro ponto importante, segundo ele, é que diversas medidas adotadas em 96 -isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por exemplo- devem começar a dar resultados no primeiro semestre de 97.
"Nossa variável importante são as exportações", afirmou. Segundo ele, o governo não tem, no momento, "nenhuma razão para mudar sua política econômica".
Mendonça de Barros negou qualquer medida para reduzir o crescimento econômico no próximo ano devido aos déficits na balança. "Não temos problemas de financiamento", afirmou.
Motivos
O aumento das importações tem motivos conjunturais e estruturais, segundo o secretário.
Em termos conjunturais, ele disse que o aumento das importações reflete o crescimento da atividade econômica a partir do terceiro trimestre do ano e o aumento das vendas devido às festas natalinas.
Outro motivo, segundo ele, pode ter sido a antecipação de importações, conforme explicação elaborada por uma consultoria de São Paulo.
"É natural e positivo. O principal é que as exportações se ampliaram, mas abaixo do esperado", afirmou Mendonça de Barros. Ele disse, porém, que a importação de equipamentos e máquinas é boa para o país.

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