São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Kátia Born, do PSB, lidera a apuração nos primeiros boletins em Maceió

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A candidata do PSB, Kátia Born, estava liderando a apuração em Maceió com 1,24% dos votos apurados. Ela tinha 1.568 votos (48,6%) contra 1.420 (44,0%) da candidata do PT, Heloísa Helena.
Nas pesquisas de boca-de-urna feitas por institutos locais, foi registrado o empate técnico no chamado duelo de "Marias Bonitas".
A candidata do PSB, Kátia Born, apontada como favorita para vencer as eleições em Maceió, acordou ontem preocupada com um possível efeito do episódio do tiroteio na casa da adversária Heloísa Helena (PT).
Na véspera, Heloísa denunciou que havia sido vítima de um atentado político. Na madrugada de anteontem, 26 tiros atingiram a sua casa. Outros dois alvejaram a sede do PT na cidade.
Para tentar minar um crescimento de última hora de Heloísa, o comando da campanha de Kátia Born espalhou panfletos nas ruas com a informação de que o "atentado" não passava de uma obra fictícia criada pelos adversários.
Ao lado do seu mais importante cabo eleitoral, o prefeito Ronaldo Lessa (PSB), Kátia logo cedo deu entrevista a rádios e TVs de Maceió na tentativa de frear o possível efeito da rajada de balas na casa de Heloísa Helena.
"Foi uma armação mentirosa e grosseira, mas o povo não cai nesse tipo de armadilha", disse.
Irritado, o prefeito atacou o governador Divaldo Suruagy e a sua equipe: "Foi uma armação e o Palácio dos Martírios (sede do governo) está por dentro dela".
O nervosismo de Lessa devia-se ao fato de não ter sido atendido por Suruagy anteontem. O prefeito queria que a Polícia Civil divulgasse imediatamente o laudo sobre os tiros na casa da candidata do PT.
Segundo Lessa, o governador é aliado de Heloísa Helena e permitiu a exploração eleitoral do caso. Suruagy informou que o pleito do PSB era tecnicamente impossível de ser cumprido.
O prefeito, que teve um irmão assassinado em 1991, o delegado Ricardo Lessa, disse ainda que os "assassinos" convivem com Suruagy no palácio do governo.
Ao votar ontem pela manhã, protegida por metralhadoras do Exército e Polícia Militar, a candidata do PT voltou a chorar quando recebeu solidariedade de eleitores por conta dos tiros na sua casa.
A petista avalia que a sua candidatuta cresceu desde o debate na TV da última terça-feira e não somente por conta do "atentado".
Violência
Orientados para impedir a violência nas ruas de Maceió, os soldados do Exército exageraram no rigor e chegaram a arrancar até adesivos de camisetas de eleitores.
Com as suas armas pesadas, os militares também tomaram bandeiras dos partidos e impediram as atividades de boca-de-urna.
O comandante da operação, coronel Antônio Carlos de Almeida, afirmou que os militares erraram em algumas ações, como no caso dos adesivos, mas teriam corrigido o procedimento ainda na tarde de ontem. "Nosso trabalho trouxe a paz de volta à cidade", disse.
A presença ostensiva do Exército e da Polícia Militar, que colocaram cerca de mil homens nas ruas, não foi suficiente para fazer cumprir a Lei Seca: os alagoanos beberam livremente durante todo o dia.

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