São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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'Maratona' irrita e frusta paulistanos

PRISCILA LAMBERT
ENVIADA ESPECIAL AO LITORAL

Eleitores paulistanos que votaram cedo para aproveitar o dia no litoral acabaram frustrados e arrependidos por causa do congestionamento no sistema Anchieta-Imigrantes ontem.
"Fui votar às 8h para tentar escapar deste trânsito, mas pelo jeito só vou ver cara de praia no final da tarde", reclamou o estudante Mauro Apor, 18, que estava indo para o Guarujá com seu amigo Daniel Teper, 19. "Pelo menos trouxemos um estoque de CDs que vai nos ajudar nessa maratona."
A recepcionista Diomar Fernandes, 43, que também votou cedo para aproveitar o dia na praia, não se abalou com a demora de quatro horas que enfrentou na Imigrantes. "Temos que ter paciência. É feriado, e não estou com pressa."
Muitos motoristas preferiram esperar a liberação da Imigrantes, bloqueada por mais de duas horas em função do acidente, a pegar a interligação para a via Anchieta.
"Só consegui andar cerca de 5 km na Anchieta após a interligação. O trânsito estava totalmente parado", disse o vendedor Mário Magalhães.
Ele ia para Praia Grande, onde mora. Atravessou a grama entre as duas pistas, fez o retorno e resolveu esperar a liberação da Imigrantes. "Se demorar demais, vou fazer o retorno e voltar para São Paulo."
Desistências
Depois de cerca de três horas de viagem, um fluxo grande de veículos desistiu da viagem, fez o retorno na altura da interligação e voltou à capital.
Marco Antônio Pedro, 37, que ia passar o feriado em Mongaguá com a família, se arrependeu de ter saído de São Paulo antes mesmo de chegar ao pedágio da rodovia dos Imigrantes.
"Estou há duas horas e meia no trânsito. Se não fosse pela minha mulher, que quer ir de qualquer jeito, eu voltaria."
Com duas crianças no carro, o motorista Eduardo Martins dos Santos, 21, estava impaciente. "As crianças ficam irrequietas, temos que parar a toda hora. Acho que não fiz um bom negócio."
Para driblar a monotonia, grupos de jovens procuravam contar piadas e paquerar. "Estou só de olho nos outros carros, em busca de gatinhas. Senão o trânsito me enlouquece", disse Saulo Gonçalves, que saiu do carro e entregou seu número de telefone a uma garota que estava no ônibus ao lado.
As amigas Sueli Regina Pinto André, 37, e Marli Ribeiro Santana, 33, demoraram seis horas para chegar a Santos. Sem comida durante a viagem, elas pararam um caminhão de tomate para pedir alguns. "A viagem foi um sufoco. Passamos fome, calor e não podíamos abrir a janela do carro por causa da chuva", disse Marli.

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