São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996 |
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Carpenter desloca enigma
INÁCIO ARAUJO
Um grupo de cientistas, numa base no Alasca, se vê às voltas com uma coisa destrutiva e, aparentemente, indestrutível. No filme original, de Christian Niby (1951), a "coisa" insidiosa - diante da qual só existem duas alternativas (matar ou morrer)- só falta ter o nome estampado na testa: comunismo. Na versão de Carpenter, de 1982, o sentido desloca-se e os invasor que se dissolve em suas vítimas anuncia outra ordem de perigo. O mal não é externo, ele consiste na dissolução do homem, em sua despersonalização, na possibilidade de ser qualquer outro, qualquer coisa que não si mesmo. Daí a situação dos homens ilhados num ambiente polar não ser um acaso. Cada um deve confrontar a própria solidão para ser um homem. É uma das cenas mais bonitas do cinema moderno. Uma beleza inexplicável, onde, da respiração ao olhar, um ser revela-se inteiro. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: O século 21 será o do bocejo global Índice |
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