São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996 |
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Mulheres gostam de meninos e meninas
PAULO SAMPAIO
Elas contam por que não acham difícil levar adiante, sem se confundir, o namoro bissexual. "Afetivamente, os homens são bem diferentes das mulheres", diz a estudante de artes plásticas Rita*, 19. "Dá para separar bem e gostar dos dois ao mesmo tempo." Ela namorou durante alguns meses, no ano passado, uma menina e um menino. Agora namora há quase um ano uma menina que tem um namorado. "Ele sabe desde o início e tudo bem." (leia depoimento ao lado) Sem condição Contar para o namorado sobre a namorada nem sempre é possível. "Não tive coragem de conversar sobre o assunto com ele", diz a advogada Maria da Glória Pimenta, 37, que aos 22 namorou durante um ano, ao mesmo tempo, um rapaz e uma moça. Ela diz que não contou nada para o namorado, com receio de ferir a auto-estima dele. "Qualquer homem naquela situação se perguntaria: 'Onde foi que eu errei?'." Maria da Glória garante que ele não errou em lugar nenhum. "Comecei o namoro com a menina por curiosidade e também porque ela era discreta", explica. "Eu não encararia um sapatão." Ela conta que nunca confundiu os sentimentos. "Cheguei a ficar com os dois no mesmo dia, mas eram prazeres bem diferentes", diz. "Ele me pegava com mais firmeza, ela era mais suave." O namorado de Maria da Glória nunca percebeu nada, mesmo depois de conhecer a "outra". "Quando eu a apresentei, ele comentou que ela era muito bonita." Bonita e, segundo Maria da Glória, "mais assumida". "Depois de mim, ela só teve namoradas." Maria da Glória casou-se alguns anos mais tarde e teve filhos. Diz que terminou com a namorada quando não havia mais surpresas. Ela nunca mais namorou moças. A produtora espanhola Esperança Penha, 42, namora moças (e rapazes) desde os 17. Atualmente ela está com duas namoradas (uma "fixa") e um namorado, e todos sabem de tudo. "Conheci primeiro ele, há um ano, depois vieram elas", conta. O namorado de Esperança é empresário da noite. "Ele prefere namorar de manhã", conta. Nem sempre o rapaz aparece, e por isso Esperança acredita que o relacionamento com a moça (a "fixa") seja mais regular. "De todo jeito, a mulher precisa de mais atenção", diz. "O homem é mais 'usável', especialmente quando a gente quer só sexo." As aparências, no caso do namorado de Esperança, enganam. "Ele faz o tipo machão, mas eu sou muito mais ativa com ele do que com minha namorada", afirma. Esperança explica que os homens gostam de saber que uma mulher tem outra. "Estimula a fantasia deles", afirma. Mas as mulheres nem sempre. "Tem de três tipos: a curiosa, a civilizada e a horrorizada." Ser sexual A empresária carioca Patrícia Muniz, 25, experimentou a bissexualidade depois de um namoro de mais de quatro anos com um jogador de futebol. "Me apaixonei por uma cantora lésbica e um médico heterossexual", conta. "Sou muito exclusivista e só deu certo porque eu era o vértice central do triângulo. Se eu fosse ele ou ela, morreria de ciúmes." Patrícia se define como "um ser sexual". "Nem homo, nem hetero", explica. "O importante é que eu esteja apaixonada." Texto Anterior: Livro aconselha americana a ser difícil Próximo Texto: DEPOIMENTO Índice |
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