São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Droga evita novo ataque em infartadas

JAIRO BOUER
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

Mulheres que tiveram um infarto e começaram a tomar uma medicação para reduzir o colesterol (gordura no sangue) diminuíram 43% o risco de morrer de um novo ataque do coração.
Esse foi um dos principais resultados de um estudo apresentado na última semana no 69ª Congresso da American Heart Association.
Um dos pontos mais importantes dessa pesquisa é que todas as mulheres tinham níveis de colesterol considerados normais.
576 infartadas foram acompanhadas por cinco anos. Metade delas recebeu quatro comprimidos diários de pravastatina, uma droga que inibe a produção do colesterol no fígado, e a outra metade tomou placebo, uma pílula sem efeito.
A análise dos dados mostrou que, além de cortar o risco de morte por infarto quase pela metade, a droga reduziu 57% os ataques não-fatais, 39% a necessidade de cirurgia para colocação de ponte de safena e 48% o número de angioplastias (passagem de balão para desobstruir as coronárias- artérias que irrigam o coração).
O grupo das mulheres estava inserido em um estudo maior chamado Care (Colesterol e Eventos Recorrentes), que teve seus primeiros resultados divulgados em março de 96, em Orlando (EUA).
O Care acompanhou outros 3.583 homens que sofreram infarto e tinham níveis normais de colesterol. Homens e mulheres que tomaram a droga tiveram redução de 24% no risco de novo infarto ou morrer por doença cardíaca.
Outros benefícios no grupo todo foram reduções de 26% nas pontes de safena, 23% nas angioplastias e 31% no risco de um derrame.
Frank Sacks, professor da Harvard Medical School em Boston (Massachusetts) e principal investigador do Care, diz que a pravastatina foi mais eficaz em reduzir os riscos em mulheres do que em homens (46% contra 20%).
Os benefícios com a medicação foram ainda maiores nos pacientes que tinham o LDL colesterol ("colesterol ruim") mais elevados antes do início do tratamento.
Sandra Lewis, diretora de pesquisa cardiológica do Instituto Cardiovascular de Portland (Oregon) e coordenadora do estudo com mulheres no Care, diz que os resultados têm implicações práticas importantes.
"Temos evidências de que a redução do colesterol pode diminuir o risco de um segundo infarto e de um derrame. Essa observação vai causar um impacto no tratamento de doenças coronárias em mulheres com colesterol normal", diz.
Lewis afirma que em mil mulheres que tomam a droga, 248 eventos cardíacos podem ser evitados.

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