São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Brasil aplica medicina de 1º e 3º mundo

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL E DOS CORRESPONDENTES

A saúde no Brasil ilustra as desigualdades nacionais. De acordo com o quesito e com a região, os números oscilam entre indicadores de países ricos e os índices das nações mais pobres.
Em número de médicos, por exemplo, a cidade de São Paulo tem três profissionais por mil habitantes, média superior à dos EUA, Portugal e Argentina.
Já nos gastos em saúde, o país ocupa um dos últimos lugares na lista, perdendo para quase todos os países da América Latina. Em 1995, o governo investiu R$ 118,9 por habitante, vinte vezes menos que a França e cinco vezes menos que a Argentina.
Naquele ano, o país gastou em saúde um total de R$ 31,3 bilhões, aqui somados R$ 18,8 públicos e R$ 12,4 da medicina de grupo e do setor privado. Os números são da própria iniciativa privada.
Os investimentos totais significam um gasto de R$ 198 por habitante/ano, ou 5,69% do PIB. Se considerados só os investimentos públicos, os gastos per capita/ano caem para R$ 118,9 e a porcentagem do PIB desce para 3,41%.
Na vizinha Argentina, por exemplo, o governo está investindo este ano US$ 20,6 bi para uma população de 33 milhões de pessoas. Significam US$ 625 per capita, ou cinco vezes mais que o Brasil.
A França destinou US$ 149,7 bilhões em despesas correntes de saúde no exercício de 1994. Foram 9,7% do PIB nacional ou US$ 2.600 per capita. No Brasil, cada habitante recebeu 20 vezes menos.
Portugal vem gastando US$ 430 por morador ano. Os EUA, que bancam apenas a parcela mais pobre da população, gastaram US$ 248,9 bilhões.
As disparidades nacionais aparecem no número de médicos e de leitos. Nas pequenas cidades do interior do país, por exemplo, há menos de 0,5 profissional por mil habitantes. Em outro extremo, cidades como São Paulo, Rio e Belo Horizonte têm cerca de 3 médicos por mil moradores.
Na média, o país tem 1,37 profissional em atividade por mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 1 médico para cada mil moradores.
Na Argentina, são 2,69 médicos por grupo de mil moradores. Nos EUA, a média é de 2,46 profissionais por mil habitantes, em Portugal 2,16 e na França 3,17.
Em número de leitos, o país repete performance semelhante: são 3,27 leitos públicos ou conveniados ao SUS (o serviço público de saúde) para cada mil habitantes.
Na região norte, o número cai para 2,09 leitos por mil moradores; no sudeste, sobe para 3,53 leitos.
A França, melhor colocada, tem 9,02 leitos por mil habitantes. Em Portugal são 2,51 por mil; na Argentina, 4,72 leitos por mil.

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