São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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'Buraco negro' nos EUA deixa a classe média sem atendimento

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Um dos principais problemas na área de saúde nos Estados Unidos é o atendimento a pessoas que estão em uma espécie de buraco negro: elas não são tão pobres a ponto de ter direito ao serviço público nem conseguem pagar seguro-saúde privado.
Normalmente, a única saída para essa parte da população é pagar os custos de consultas, exames e eventuais internações, que são altíssimos no país.
A solução para o atendimento dos que estão nesse buraco negro será um dos principais pontos a serem negociados no próximo ano entre o presidente reeleito, Bill Clinton, e o Congresso .
Clinton sofreu uma de suas maiores derrotas políticas em 1994, quando o Congresso rejeitou sua proposta para garantir seguro-saúde para toda a população.
Nos EUA, o governo só garante atendimento público para os pobres, os incapazes de trabalhar e as pessoas com mais de 65 anos.
O restante da população tem duas opções: fazer seguros privados ou arcar com os custos médicos. A maioria prefere a primeira.
O problema é que muitas pessoas não têm condições de pagar o seguro-saúde nem preenchem os critérios para receber atendimento público. Em Nova York, por exemplo, o seguro para uma família de quatro pessoas pode chegar a US$ 700 mensais.
O governo estima que cerca de 10 milhões de crianças não tenham seguro-saúde no país.
Uma das propostas que Clinton deve apresentar ao Congresso é o governo ajudar pessoas que estejam mudando de emprego ou estão temporariamente desempregadas a pagarem os seus seguros.
Orçamento
Apesar de restrito, o atendimento público consumiu 16,4% do Orçamento do país em 1995, o equivalente a US$ 248,9 bilhões.
O gasto total do país com saúde em 1994 foi de US$ 949,4 bilhões. Desse total, 55,7% foram de entidades privadas. O governo federal pagou o equivalente a 32% dos gastos, e os Estados e municípios arcaram com 12,3%.
Dados da Associação Médica Americana indicam que há 684.414 médicos no país -246,5 para cada grupo de cem mil pessoas.

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