São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Captação da poupança está mais forte

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A captação de recursos pelas cadernetas de poupança continua reagindo neste mês, e num ritmo mais forte do que o de outubro.
Até 8 de novembro, mostram os últimos dados disponíveis do Banco Central, os depósitos superaram as retiradas em R$ 194,09 milhões. Em todo o mês passado, atingiu R$ 275 milhões.
No mesmo número de dias úteis de outubro, a entrada líquida de recursos nas cadernetas havia sido de R$ 19,1 milhões.
Só no Boston, um banco de atacado, com clientela mais selecionada, a captação cresceu 17% entre os dias 1º e 13 de novembro.
Mudança na TR
O bom comportamento da poupança neste final de ano, após sofrer perdas de R$ 6,3 bilhões de janeiro a setembro (ver quadro), está relacionado às mudanças no redutor da TR (Taxa Referencial).
Até junho, com redutor fixo de 1,3%, a rentabilidade das cadernetas foi sendo achatada mês a mês, pois as taxas nominais dos CDBs, base de cálculo da TR, acompanharam a tendência de queda dos juros em geral da economia.
A saída encontrada pelo Banco Central para recuperar a poupança foi a do corte gradual do redutor. Ele já está em 0,95% e cai ainda mais, para 0,85%, em dezembro. Com isso, TR e poupança ganham corpo diante de outras aplicações.
A solução do BC parece ter tido êxito, já que a poupança começou a perder menos recursos a partir de agosto e, já em outubro, fechou o mês com captação líquida positiva de R$ 275 milhões -tanto no SBPE (bancos que atuam no SFH) quando na caderneta rural (BB, Basa e BNB).
Os concorrentes
Por enquanto, a reação da poupança não ocorre à custa dos Fundos de Investimento Financeiro, os FIFs, seus concorrentes mais diretos em nível de grande público.
Os CDBs prefixados são mais procurados por empresas e grandes investidores, que conseguem as taxas de juros mais elevadas.
Em outubro, já com captação positiva na poupança, os principais FIFs (curto prazo, de 30 e de 60 dias) também tiveram mais depósitos do que saques, informa o BC. A captação foi positiva em R$ 985 milhões, com R$ 727 milhões nos de 60 dias.
Neste mês, até o dia 8, o FIF de curto prazo ganhou R$ 820 milhões; os de 30 dias, R$ 34 milhões; e os de 60 dias, R$ 696 milhões.
Ainda é cedo, porém, para um balanço da captação neste mês. Os fundos têm um comportamento mais irregular que a poupança em termos de captação.
Nos fundos de curto prazo, devido à liquidez diária, a flutuação é enorme dia a dia. Neste mês, a captação acumulada chegou a sair de R$ 253 milhões negativos para R$ 820 milhões positivos em um dia.
Nos fundos exclusivos de 60 dias -de um só cotista- o vaivém do dinheiro também é intenso, adequado ao caixa da empresa.

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